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Brasil impõe barreira a vinho da Argentina

País também restringe entrada de trigo, maçã e batata em retaliação a obstáculos que vizinho impôs a importações

Ingresso de produtos agora precisa de autorização que pode levar até 60 dias para ser concedida

MAELI PRADO
DE BRASÍLIA

Como retaliação às barreiras comerciais impostas pela Argentina em fevereiro a importados, o Brasil vem restringindo, há uma semana, a entrada de cerca de dez produtos perecíveis, entre eles vinhos e farinha de trigo.

A Folha apurou que a lista, que inclui também maçã, batata e queijos, representa, ao lado de automóveis, boa parte da pauta de exportações do vizinho para o Brasil.

Desde a terça passada, esses produtos entraram em licença não automática -ou seja, para ingressarem no Brasil, precisam de uma autorização que pode levar até 60 dias para ser concedida.

Essa espécie de "operação-padrão" das importações vale para todos os países, mas o foco são produtos que a Argentina tradicionalmente exporta para o Brasil.

Tanto que algumas empresas brasileiras, segundo a Folha apurou, já estão tendo dificuldade de entrar no país com mercadorias compradas da Argentina.

Apesar de o governo preferir não se manifestar sobre o assunto, a decisão é claramente uma resposta à queda de quase 30% das vendas de produtos brasileiros para o país vizinho em abril na comparação com o mesmo período de 2011.

Há mais de três meses, os importadores argentinos precisam pedir permissão antecipada, esperar pela aprovação (que pode não ocorrer) e somente então ter acesso à compra. O objetivo é proteger a produção da indústria local, e, no caso do Brasil, o impacto se fez sentir com mais força no mês passado.

Hoje, o chanceler argentino, Héctor Timerman, estará no Itamaraty para conversa com o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Antonio Patriota.

A reunião acontecerá "no contexto de encontros periódicos entre altas autoridades dos dois países", segundo a assessoria de imprensa do ministério, mas o conflito comercial deve entrar na pauta.

CRÉDITO

No início deste mês, durante a divulgação dos números da balança comercial de abril, o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Comércio e Indústria, Alessandro Teixeira, afirmou que o Brasil estuda financiar os importadores argentinos de produtos brasileiros.

O montante que pode ser oferecido como crédito chegaria a US$ 5,8 bilhões, que é o valor do saldo positivo do Brasil com o vizinho em 2011.

Segundo disse Teixeira na ocasião, a possibilidade deveria ser debatida em reunião em Brasília neste mês.

"A Argentina tem uma situação econômica difícil, e não os vemos como inimigos, e sim como parceiros. Em vez de medidas punitivas, vamos sentar para ver no que podemos auxiliar. A economia argentina pode estar tendo dificuldade para financiar suas compras."

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