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Análise / Agronegócio

Segunda safra de milho torna-se cada vez mais importante

LEONARDO SOLOGUREN
ESPECIAL PARA A FOLHA

A forte alta nos preços do milho registrada no Brasil no segundo semestre do ano passado levou os produtores a semear uma área recorde na segunda safra. As estimativas atuais apontam para o total de 7 milhões de hectares cultivados.

Em condições normais de clima, o Brasil poderá colher safra de inverno de 30,4 milhões de toneladas -mais 44,4% sobre a produção obtida na segunda safra de 2011.

As perspectivas atuais demonstram nova realidade no mercado do milho. Em primeiro lugar, destaca-se a importância que a safra de inverno passou a ter no contexto da oferta total no Brasil.

Se confirmadas as estimativas de produção, a segunda safra representará cerca de 47% da oferta total de milho esperada na safra 2011/2.

Em segundo lugar, destaca-se a importância que a região Centro-Oeste, em especial o Mato Grosso, passou a ter na produção nacional.

Esse destaque se deve ao investimento que os produtores mato-grossenses passaram a fazer no milho nos últimos anos. Na safra 2002/3, a segunda safra de milho representava apenas 15,4% da área cultivada com soja no verão. Na safra 2011/2, esse percentual saltou para 35,4%.

O resultado de todo esse investimento é a expectativa de alta expressiva nos estoques de passagem esperados para a campanha agrícola corrente. Com produção nacional estimada em 64,5 milhões de toneladas, os estoques de passagem deverão superar o patamar de 8,5 milhões de toneladas em um cenário no qual se estima exportação de 10,5 milhões de toneladas.

O aumento dos estoques, sem dúvida, é preocupante, pois representa um possível cenário de queda de preços.

A expectativa do aumento da oferta já está ocasionando a desvalorização nos preços do cereal. Nos últimos 30 dias, os preços do milho recuaram, em média, 9,8% nas principais praças do país.

Permanecendo o quadro atual, a expectativa seria de queda na área plantada na safra de verão 2012/13, enquanto a área plantada com soja ganharia terreno. Para manter os preços do milho em patamares elevados, a necessidade de escoamento do grão ao mercado externo teria de ser maior do que as estimativas atuais.

Apesar de o mercado internacional proporcionar atualmente uma condição de exportação, devido aos altos preços, a expectativa de safra recorde nos EUA poderá limitar o nosso potencial de venda externa em 2012.

Se o Brasil quiser se consolidar como grande "player" internacional, tanto o setor público como o privado terão de criar condições competitivas para sustentar a alta na produção de milho, principalmente a da segunda safra.

LEONARDO SOLOGUREN é engenheiro-agrônomo, mestre em economia e sócio-diretor da Clarivi.

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