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Trava a importações ameaça fechar lojas em Buenos Aires

Falta de artigos afeta principalmente o comércio de alto luxo; grifes estrangeiras podem deixar a Argentina

Capital deixa de ser considerada cidade de pechinchas pelo turista brasileiro, assustado com inflação de 25%

SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES

Travas à importação, inflação e dólar paralelo valendo em média 5,60 pesos começam a impactar o turismo e o comércio em Buenos Aires.

Antes uma cidade de pechinchas para os turistas brasileiros, agora a capital portenha enfrenta as consequências do esfriamento da economia argentina e o impacto das medidas protecionistas.

Uma das principais vítimas é o comércio de alto luxo estrangeiro, que está tendo dificuldades para repor peças e, em alguns casos, ameaça fechar lojas no país.

"Se a política não mudar, esse mercado é o que vai sentir mais. Não será a primeira vez que veremos marcas deixando o país por causa de medidas protecionistas", afirma Miguel Ponce, porta-voz da Câmara dos Importadores da Argentina.

No começo do ano, numa tentativa de conter o imenso fluxo de fuga de capitais, o governo argentino implementou nova política para controlar a entrada de produtos estrangeiros.

Agora, cada compra deve ser justificada e aprovada, processo lento que tem barrado muitas mercadorias nas fronteiras.

RECOLETA

A Folha visitou a rua Alvear, no bairro nobre da Recoleta, tradicional centro do comércio de alto luxo de Buenos Aires.

Em lojas de artigos importados, como a Polo Ralph Lauren, simplesmente não havia ninguém comprando.

Já nos locais dedicados a artigos de couro e outras especialidades argentinas, turistas entravam e saíam com sacolas cheias.

"Há uma diminuição do fluxo de compradores na Alvear, mas, para nós, está sendo bom, porque nossos produtos são argentinos, não temos nada importado. Então não falta nada", diz Pablo Diaz, vendedor da Cardon.

Já nas lojas de grifes importadas, de acordo com enquete realizada pela Folha junto aos vendedores, faltam artigos de plástico, metal, alguns tipos de tecidos, acessórios em geral, perfumes e sapatos.

No início do mês, saíram reportagens na imprensa local que diziam que a Polo, que ocupa um famoso casarão na Alvear, deixaria o país.

A porta-voz da marca, Sarina Porro, diz que não há declarações sobre o assunto, mas os funcionários das lojas admitem que faltam itens.

"Eu ofereço outra coisa, faço a pessoa mudar de assunto, quando vejo que vão começar a pedir coisas que não temos", afirmou um empregado da loja que não quis se identificar.

Em abril, a Ermenegildo Zegna fechou temporariamente seu local na Alvear e anunciou que somente manteria sua loja no shopping Pátio Bullrich.

PREÇOS

Mas o que tem mais assustado o turista brasileiro é o preço. Com uma inflação de cerca de 25%, segundo consultorias independentes (a oficial, que tem intervenção do governo, é de 9%), o público tem se afastado.

"Eu vinha sempre a Buenos Aires comprar, voltava de mala cheia. Agora olho os preços, me assusto e levo uma ou outra coisinha só para dizer que estive aqui", diz a mineira Maria Lopes, que tentou fazer compras na Alvear na semana passada.

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