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Finanças pessoais

MARCIA DESSEN
marcia.dessen@bmibrasil.com.br

Mesmo com taxação do IR, trocar de fundo pode ser vantajoso

José pensa que está em um beco sem saída. Tem dinheiro aplicado em um fundo de investimento que cobra taxa de administração de 2% ao ano, tarifa muito elevada para o patamar atual da taxa de juros da economia.

Motivado por diversas reportagens que leu sobre um possível movimento das instituições financeiras no sentido de redução da taxa de administração dos fundos, José procurou o banco administrador visando reduzir seu custo atual.

Foi informado de que o banco está analisando a possibilidade de diminuir a taxa de administração e já reduziu o valor de aplicação inicial para R$ 1.000.

José relata que outra instituição financeira concorrente lhe ofereceu um fundo de investimento com os mesmos objetivos do atual, com taxa de administração de 1,5% ao ano.

O gerente recomendou que ele não resgate suas cotas porque o Imposto de Renda pune com alíquotas mais elevadas as operações de prazo mais curto.

Como o prazo decorrido entre sua aplicação e o eventual resgate é de 300 dias, estará sujeito ao pagamento de 20% de IR.

Foi orientado a permanecer no mesmo fundo até completar, no mínimo, 721 dias de prazo para reduzir o custo do IR em cinco pontos percentuais, para 15%.

Diante do argumento apresentado, José tende a concordar que não há o que fazer -e está prestes a deixar tudo como está.

Mas o gerente do fundo B, do banco concorrente, não se dá por vencido e chama José para conversar dizendo que, às vezes, as aparências enganam e recomenda que nenhuma decisão seja tomada sem a ajuda de uma calculadora.

Ele explica ainda que o IR é um pagamento único e incide somente sobre os rendimentos proporcionados pelo fundo.

A taxa de administração, por sua vez, incide anualmente sobre o capital investido. Como a base de cálculo é distinta, é preciso calcular e decidir qual a melhor decisão a tomar.

José pede ajuda para simular duas hipóteses distintas: na primeira, ele mantém o dinheiro onde está, no fundo A, que cobra taxa de administração de 2% ao ano, evitando pagar mais IR.

Na segunda, ele resgata suas cotas 300 dias depois da aplicação inicial, paga 20% de IR e transfere seu capital para o fundo B, com taxa de administração de 1,5% ao ano.

A simulação deve projetar o capital acumulado na data de 721 dias, assumindo rentabilidade bruta de 9% ao ano. Os cálculos da simulação estão simplificados nos quadros, pois visam facilitar a compreensão do conceito.

NÚMEROS NÃO MENTEM

José pagará mais IR se optar pela migração do fundo A para o fundo B, mas terá R$ 70 a mais de rendimento.

O que explica essa vantagem é a redução da taxa de administração, que aumenta a rentabilidade do fundo sem que seja necessário correr mais risco para ganhar mais.

Se avançarmos com a simulação até 1.081 dias corridos (três anos), o benefício da redução da taxa se amplia.

José teria no fundo A (que cobra 2%) um patrimônio líquido de aproximadamente R$ 118.413. No fundo B (que cobra 1,5%), terá cerca de R$ 119.006.

Curioso, José pediu ao gerente que simulasse quanto teria de capital líquido se o dinheiro estivesse na poupança desde o início (Dzero), mantida a mesma projeção de juros de 9% ao ano.

Nesse patamar de juros, prevalece a regra antiga (TR mais juros de 0,5% ao mês). Se ignorarmos a TR e considerarmos apenas os juros, José teria, em três anos, um capital líquido, isento de IR, de R$ 119.675.

Depois dessa descoberta, José tem uma nova decisão a tomar. Ou negocia uma taxa de administração menor ainda para continuar no mercado de fundos de investimento ou migra para a poupança, isenta de custos e de IR.

MARCIA DESSEN, Certified Financial Planner, é sócia e diretora-executiva do Brazilian Management Institute, professora convidada da Fundação Dom Cabral e cofundadora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros.

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