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Caso é visto como isolado, e venda é possível

SHEILA D’AMORIM
DE BRASÍLIA

Pouco mais de um ano após a fraude bilionária no PanAmericano, o BC volta a ser surpreendido com irregularidades em outro banco de pequeno porte: o Cruzeiro do Sul.

Especializado nos empréstimos com desconto na folha de pagamento, o banco tem na sua contabilidade financiamentos que os administradores não conseguiram comprovar que existem de fato, créditos registrados com valor superior ao que valem e reserva insuficiente para cobrir operações em atraso.

Nos números preliminares, o rombo fica em torno de

R$ 1,3 bilhão. Para resolver o problema, o BC lançou mão de um instrumento que não era utilizado havia 17 anos.

O Regime de Administração Especial Temporária (Raet) havia sido usado pela última vez no Banco Nacional, em novembro de 1995.

Essa saída substitui os administradores por uma gestão de confiança do BC e permite ao governo ganhar tempo para tentar evitar a quebra da instituição até encontrar uma solução.

Diferentemente do Nacional, que era um dos maiores banco de varejo do país, o Cruzeiro do Sul é pouco expressivo, com apenas 0,22% dos ativos no mercado.

SEM RISCO SISTÊMICO

Segundo a Folha apurou, o BC não tem preocupação com risco sistêmico nem com a sinalização ruim que a quebra da instituição poderia dar num momento de crise como o atual, mas acredita que a instituição é viável e que enfrentou problemas de gestão.

A fiscalização do BC detectou as fraudes entre abril e maio. Os controladores precisavam fazer ajustes, o que significa colocar dinheiro no banco. Tentaram vender o banco para o BTG Pactual, sem sucesso.

A aposta no governo é que as chances de venda do banco são grandes. Tanto é que o prazo estipulado para essa gestão especial foi de só seis meses, podendo ser prorrogado por igual período.

Segundo o BC, dos 56 regimes de administração especiais impostos até hoje, só 3 tiveram prazo tão curto.

O caso do Cruzeiro do Sul, porém, adiciona mais incertezas num momento de mercado turbulento e de inadimplência alta. O banco tinha foco em operações de baixo risco: consignado. Ainda assim, os técnicos do governo garantem que esse é um problema "isolado e localizado".

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