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Análise Safras

Área de milho deve registrar forte recuo na safra 2012/13

LEONARDO SOLOGUREN
ESPECIAL PARA A FOLHA

Com a expectativa de safra recorde em 2012/13, os preços do milho no mercado doméstico estão em baixa. Nos últimos 30 dias, os preços recuaram, em média, 7%. Em algumas praças, a queda foi mais intensa. Em Mato Grosso, foi de 23%, em média.

Apesar do recuo, pode-se dizer que o preço do cereal ainda permanece em patamares considerados atrativos tanto na região Sudeste como na Sul. Em São Paulo, o preço médio atual é de R$ 23,80 por saca; no Paraná, R$ 24,17.

Mesmo diante dos preços atuais, a região Sul deverá registrar forte recuo na área plantada. Com relação de preço soja/milho de 2,5 (níveis acima de 2 favorecem a soja), a tendência de crescimento da área plantada com a oleaginosa se torna expressiva.

Há outros fatores que pesam na decisão de investimento do produtor. O custo por hectare de milho é maior que o de soja. No Rio Grande do Sul, a quebra significativa de safra observada em 2011/12 descapitalizou muitos produtores, limitando, portanto, seus recursos financeiros.

A elevação dos custos de fertilizantes também tem grande peso da decisão de investimento. O aumento da área plantada global elevou o consumo dos principais componentes na formulação dos adubos. Ao mesmo tempo, a alta do dólar diante do real encareceu os custos dos fertilizantes.

No Rio Grande do Sul, alguns produtos já registram alta de 43% entre fevereiro e maio deste ano. No Paraná, a alta foi de 30% para alguns formulados, sendo que os nitrogenados foram os que registraram as maiores altas.

Portanto, mesmo diante de preços que ainda podem ser considerados atrativos e da alta tecnologia disponível para o cereal, que permite altos níveis de produtividade, o total cultivado com milho no Brasil poderá registrar em 2012/13 a menor área cultivada desde o início da série histórica realizada pela Conab.

Mantendo-se o cenário atual de preços soja/milho, a área cultivada com este último tende a registrar decréscimo de cerca de 1 milhão de hectares na próxima safra.

Os altos preços da soja praticados na venda futura também estão incentivando os produtores a investir na oleaginosa, o que, nesse caso, seria aposta de ganho certo.

Já no milho, não há grandes operações que permitam aos produtores realizar o travamento dos preços no momento da colheita futura. Mais uma vez, a cadeia produtiva do milho sairá perdendo por causa, também, da ineficiência dos seus agentes.

LEONARDO SOLOGUREN é engenheiro-agrônomo, mestre em economia e sócio-diretor da Clarivi.

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