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Análise

Sistema financeiro do país é sólido e não há motivos para pânico

RICARDO MOLLO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Todo sistema financeiro de qualquer país passa por eventos como a recente crise do Banco Cruzeiro do Sul.

O importante é que esses eventos sejam resolvidos rapidamente e que gerem o mínimo de expectativas e perdas. Será que esse caso é isolado? O sistema financeiro brasileiro é sólido?

Quase 90% dos ativos do mercado financeiro brasileiro são detidos por 15 bancos, sendo que esses têm tido sucessivos lucros nos últimos anos.

O sistema é robusto, bem administrado, rigoroso na administração de crédito e nas suas operações de tesouraria.

O Cruzeiro do Sul, com 0,22% dos ativos do mercado, tem baixo potencial de contagiar os bancos grandes.

Não há dúvidas de que sua intervenção traz um mal-estar, mas não coloca em risco o sistema.

Apesar do seu alto risco, bancos pequenos têm tido papel importante no aumento da competitividade na oferta de financiamentos.

Sua estratégia de atuação foca nichos específicos como financiamento de empresas, crédito consignado e crédito ao consumidor.

Como não têm rede de agências, usam correspondentes bancários para distribuir financiamentos. O grande problema de alguns desses bancos é a baixa qualidade dos ativos, gestão de crédito, formalização dos contratos e gestão de caixa.

O mercado financeiro brasileiro é concentrado, porém rivalizado. Bancos pequenos sempre terão dificuldade de competir, portanto é inevitável que alguns deles passem por situações semelhantes à do Cruzeiro do Sul.

O mais importante é que o Banco Central continue executando medidas rápidas, rigorosas e assertivas e intensifique a fiscalização de todos os bancos do sistema.

Apesar de detectar com regularidade problemas em alguns bancos, não há como o Banco Central medir as suas magnitudes.

Assim, no caso do Cruzeiro do Sul, uma auditoria rigorosa será feita, o que dará um diagnóstico de como resolver a situação.

É absolutamente necessário que seja feito um esforço constante de moralização e transparência dos bancos.

Portanto, se houver constatação de fraudes com créditos fictícios, os responsáveis devem ser punidos, o que ajudará a coibir ações semelhantes no futuro.

Do ponto de vista de investidores e clientes de bancos pequenos, não há motivo para pânico. Parece que o caso do Cruzeiro do Sul é mais um fato isolado.

Contudo, não é irrelevante e traz à tona mais uma vez a importância da discussão em relação ao rigor necessário no controle dos pequenos bancos e dos seus correspondentes bancários.

RICARDO MOLLO é professor de finanças do Insper.

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