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Privatização de aeroporto elevará tarifa, diz associação

Diretor da entidade das empresas aéreas alerta para riscos de aumento de custo

Brasil pode ter destino da África do Sul da Índia, que concederam terminais e têm hoje as tarifas mais altas

MARIANA BARBOSA
ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM

O diretor-geral da Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo), Tony Tyler, alertou para os riscos de aumento de custos associados à privatização da gestão dos aeroportos no Brasil.

Tyler disse, para 700 representantes de companhias aéreas reunidos em Pequim na 68ª conferência anual da associação, que o Brasil poderá passar pelos problemas enfrentados por África do Sul e Índia, que têm aeroportos modernos, mas com as tarifas mais caras do mundo.

"O governo brasileiro levantou US$ 12 bilhões com os três aeroportos, mais de quatro vezes o valor mínimo pedido. Mas quem oferece o lance mais alto não necessariamente é aquele que tem a melhor solução para os aeroportos do país", disse, ao ressaltar estar "muito preocupado" com a perspectiva de aumento de tarifas aeroportuárias.

Os aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília foram concedidos à iniciativa privada neste ano.

Embora as regras do edital de concessão não permitam um aumento de tarifas, o documento prevê a renegociação do contrato a cada cinco anos, para adequação a novas realidades financeiras.

Se os aeroportos não estiverem rentáveis, haverá pressão por aumento das tarifas.

"Os governos muitas vezes erram o alvo na regulação. É preciso que ela atenda ao interesse público."

EXEMPLOS

Privatizado em 2006, o aeroporto de Nova Déli conseguiu, em março, aumento de tarifas de 346%. A empresa queria 770%, para recuperar a lucratividade -ela é obrigada a pagar 46% de suas receitas ao governo.

Na África do Sul, onde os aeroportos são operados por uma empresa de controle estatal que atua como privada, as tarifas aeroportuárias subiram 161%, e as de navegação aérea, 70%.

A empresa Acsa não paga outorga ao governo, mas teve de arcar sozinha com o investimento na modernização de todos aeroportos do país.

Como a expectativa de demanda por conta da Copa de 2010 não se concretizou, a empresa não obteve a receita necessária para começar a pagar os empréstimos e tem pressionado por aumentos ainda maiores.

A jornalista MARIANA BARBOSA viajou a convite da Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo)

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