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Usinas investem para preservar a fauna

Com menos queimadas e preservação de matas e rios, animais em risco de extinção reaparecem em canaviais de SP

Segundo a Unica, só as usinas controladas por ETH, São Martinho Balbo e Guarani investem R$ 8 milhões

ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO

No chão, uma porção de comida é isca na armadilha estrategicamente posicionada. Uma onça-parda, animal ameaçado de extinção, aproxima-se silenciosamente.

O clarão na noite é o sinal de que o felino foi capturado.

Não por caçadores embrenhados na mata, mas pelas lentes de uma câmera fotográfica e um flash disparados por sensores de movimento, no meio de um canavial da região de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo).

Como a onça-parda, outros animais silvestres e em risco de extinção têm reaparecido em áreas canavieiras do interior paulista nos últimos anos devido à redução das queimadas e à preservação de matas e cursos d'água. É o caso também de lobos-guarás.

O ressurgimento já faz as usinas do setor -historicamente questionado pela devastação do ambiente- terem de investir na área.

Segundo a Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar), só as usinas controladas pelos grupos São Martinho, ETH, Guarani e Balbo investiram R$ 8 milhões na preservação da fauna.

Até 2009, ano usado para a conta da Unica, os três primeiros grupos não gastavam um real sequer. Só a ETH, dona de nove usinas, investiu no ano passado R$ 1 milhão em projetos ambientais que incluem o monitoramento da fauna nos canaviais.

MAIS BICHOS 'NOVOS'

Um estudo de dez anos da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) constatou crescimento de 37% no número de espécies em canaviais do Grupo Balbo, que há 20 anos não queima a área onde produz cana orgânica.

"Em 2002, quando começamos a estudar o local, fizemos um levantamento minucioso da fauna existente na área e registramos cerca de 240 espécies diferentes. Hoje, são quase 330", afirma José Roberto Miranda, pesquisador em agroecologia e biodiversidade da Embrapa.

De todas as espécies que circulam atualmente nos 8.000 hectares de cana orgânica pesquisados, perto de 15% estão ameaçadas de extinção em São Paulo, segundo lista da Secretaria de Estado do Meio Ambiente.

Os registros da Embrapa se referem só a vertebrados (anfíbios, répteis, aves e mamíferos) e são arquivados quase sempre em fotos e vídeos.

"Estão aí, eles [os animais] estão reaparecendo no ambiente", diz Miranda ao exibir as imagens arquivadas em seu computador.

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