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Análise Cooperação

Brasil tem chance de ter papel principal no desenvolvimento do agro africano

MARCOS FAVA NEVES
ESPECIAL PARA A FOLHA

A África apresenta duas grandes oportunidades para a expansão das organizações agrícolas brasileiras. Fruto de discussões no evento anual da câmara de negócios agrícolas da África do Sul, este texto foca em duas Áfricas: a consumidora de alimentos brasileiros e a produtora de alimentos para atender à crescente demanda mundial.

A África consumidora de alimentos brasileiros vem tendo continuamente crescimento médio maior que o da Ásia, e seu PIB agregado foi de US$ 1,6 trilhão em 2010, devendo chegar a US$ 2,6 trilhões em 2020.

Países como Angola, Moçambique, Ruanda, Nigéria e Etiópia cresceram, em média, mais de 8% ao ano na década. O mercado interno africano já é estimado em US$ 1 trilhão, devendo chegar US$ 1,4 trilhão em 2020. O deficit de produção de alimentos aumentou em 50 milhões de toneladas em cinco anos, quando considerado com o Oriente Médio, sendo os países com o maior deficit entre produção e consumo no mundo.

Alinhado a esse crescimento, a África consumia 3% das exportações totais de US$ 20 bilhões do agro brasileiro em 2000, e já consumia 9% das exportações de US$ 95 bilhões em 2011, uma importância maior que os EUA, que ficaram com 7% do total exportado pelo Brasil. Esta é a oportunidade ao Brasil vinda da África grande consumidora de alimentos.

Sobre a África produtora de alimentos, são primordiais as terras africanas para suprir o alimento e o biocombustível desejados tanto pelos africanos como pelos chineses, indianos e outros. Só o Brasil não será suficiente para suprir a demanda mundial.

Hoje a África usa 200 milhões de hectares em atividades agrícolas, mas estimativas mostram quase 600 milhões que podem ainda ser usados para produção, com destaque para Sudão (70 milhões), Congo (60 milhões), Angola (50 milhões), Zâmbia (50 milhões), Moçambique (40 milhões) e Tanzânia (40 milhões), entre outros.

Desses 600 milhões, cerca de 140 milhões são considerados muito aptos, 225 milhões são aptos, 140 milhões são moderadamente e 90 milhões têm aptidão marginal.

Aqui vem a oportunidade. Para a expansão agrícola, podem ser de maior benefício para a África os empreendimentos com modelos organizacionais que envolvam empresas agrícolas ou cooperativas brasileiras detentoras de tecnologia e capacidade de gestão -o modelo onde terras africanas são compradas ou alugadas por grandes consumidores como China, Índia, Coreia, entre outros, vêm recebendo sérias críticas da sociedade africana.

São grandes as oportunidades existentes ao agro brasileiro na África consumidora e produtora. Existe proximidade cultural, de idioma e de interesses e o momento de participar na onda do crescimento africano é agora.

MARCOS FAVA NEVES é professor titular de planejamento e estratégia na FEA/USP (campus Ribeirão Preto) e coordenador científico do Markestrat. Este texto foi escrito na África do Sul.

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