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Juro do cartão se mantém em nível recorde

Na contramão das taxas de outras modalidades de crédito, as do rotativo resistem a cair e são as maiores desde 2000

Para especialistas, taxas não caem porque competição é menor no setor; associação de bancos não se pronuncia

GABRIEL BALDOCCHI
DE SÃO PAULO

Enquanto as quedas nos juros básicos e o aumento da competição entre bancos provocaram em maio a quarta redução do ano na taxa média para pessoas físicas, o custo para o uso do cartão de crédito permanece estável.

A taxa para a modalidade, de 10,69% ao mês, é a maior desde junho de 2000 (10,70%) e acumula 27 meses no mesmo nível.

Os dados constam de levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac).

Para o cartão, a entidade apura a média das taxas máximas por considerar que representam a maioria absoluta das operações.

Todas as outras cinco linhas ao consumidor pesquisadas pela associação caíram no mês e registram queda no ano. A média geral está no menor nível desde 1995.

Para os especialistas, a manutenção da taxa no rotativo do cartão de crédito reflete menor competição no segmento.

"Você abre uma conta bancária, recebe um cartão de crédito e você o mantém ao longo do tempo, não troca porque está mais caro ou mais barato", afirma o diretor-executivo da Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira, responsável pela pesquisa.

A expectativa da Anefac é que os dois fatores -queda nos juros e maior competição no setor- devem se acentuar e levar as taxas para níveis ainda mais baixos.

HORA DE NEGOCIAR

Para Myrian Lurd, planejadora financeira e professora da Fundação Getulio Vargas, os juros para o cartão de crédito só cairão se os consumidores começarem a negociar ou pararem de usá-lo. "Os bancos só mexeram quando se sentiram ameaçados."

A Febraban, a federação dos bancos, disse que não comenta taxas.

O crédito para aquisição de bens, por exemplo, recuou 7% no período. Para os economistas, a modalidade teve o maior impacto do estímulo à negociação gerado pelos recentes anúncios de redução.

Os juros do cheque especial caíram 1,2% no período.

A taxa de juros para o cartão de crédito é a maior do mercado. Ela é capaz de fazer uma dívida de R$ 1.000 chegar a R$ 3.382 em um ano.

Considerada uma linha de fácil acesso, a modalidade é apontada como grande vilã ao bolso dos brasileiros.

Para evitar uso inadequado, especialistas recomendam que os consumidores não tenham mais de um cartão de crédito e que tentem acompanhar a fatura pela internet para pagar à vista.

Caso a dívida já tenha sido contraída, a dica é trocá-la por uma mais barata, como o crédito consignado.

Lurd é até mais conservadora em sua recomendação: "Quem tem problema de fluxo de caixa não deve usar o cartão de crédito". O Brasil contava em março 179 milhões de cartões de crédito.

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