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Minha História - Diego Zambrano, 32

Vende-se tudo (apenas a amigos)

Carioca se muda para os EUA, cria rede social de venda e troca entre amigos e é escolhido para o programa da maior incubadora de empresas iniciantes de Nova York

(...) Depoimento a

Divulgação
O carioca Diego Zambrano, que fundou nos EUA a Bondsy, rede social de venda e troca entre amigos
O carioca Diego Zambrano, que fundou nos EUA a Bondsy, rede social de venda e troca entre amigos

ALEXANDRE ARAGÃO
DE SÃO PAULO

RESUMO O carioca Diego Zambrano recebeu uma proposta de trabalho em 2007 em Nova York e decidiu vender tudo o que tinha. Usou, para isso, o site de relacionamentos Flickr e repassou seus bens a amigos. A ideia funcionou, e ele pensou em criar um negócio: o Bondsy, rede social em que é possível vender e trocar objetos. O projeto chamou a atenção e foi selecionado pelo programa da TechStars, maior incubadora de empresas de internet de Nova York.

Em 2007, quando me mudei para Nova York, não queria trazer nada comigo. Sabia que, quando chegasse, ia querer comprar tudo novo. Ainda não sabia onde ia morar, não queria ficar levando as coisas a lugares provisórios. Resolvi simplesmente vender tudo o que tinha.

Depois que tomei a decisão, cheguei à conclusão de que não queria usar mercados on-line. Acho a experiência estressante e nunca me senti confortável lidando com pessoas que eu não tenho a menor noção de quem sejam.

Naquela época, a rede social que eu mais usava era o Flickr. Sempre postava fotos e tinha vários amigos me seguindo -era o site que eu abria todos os dias para ver o que meus amigos estavam fazendo.

Foi natural: tirei fotos de tudo o que eu tinha, postei lá e mandei a página para todos.

Não eram tantas coisas grandes. Eram livros, games, eletrônicos, alguns móveis e objetos de decoração. Vendi praticamente tudo.

Uma das coisas mais interessantes que aconteceram foram transações sem envolver dinheiro.

Um amigo meu comprou a câmera que usei para fotografar tudo o que vendi e me pagou com um jantar -o jantar acabou sendo mais caro que a câmera.

Toda a comunicação de detalhes, ofertas, onde retirar e se encontrar, tudo aconteceu no Flickr. Foi um comportamento muito interessante, porque foi social, diferente e muito fácil. Não tive que lidar com pessoas que eu desconhecia completamente.

Meu último emprego antes da mudança, em São Paulo, foi em uma agência de publicidade. Quando vim para cá, continuei trabalhando com publicidade. Mas a experiência da venda me fez pensar e cheguei a uma ideia.

O Bondsy usa essa ideia. Depois que vendi minhas coisas, comecei a prestar atenção em várias pessoas fazendo exatamente o mesmo.

Elas usavam o Flickr, o Blogger, o Wordpress. Só precisavam de uma forma muito fácil de tirar fotos do que elas não usavam mais e enviar essas imagens para os amigos.

De 2007 até agora, é um comportamento que está crescendo. Vi começar a aparecer também no Twitter, no Tumblr, no Instagram.

Isso tudo, no entanto, é o que a gente chama de comportamento hacker: as plataformas não são feitas para esse tipo de transação, mas, como permitem um modo fácil de publicar fotos e acessar os amigos, as pessoas usam.

O objetivo do Bondsy é ser uma plataforma exclusiva para isso. Se der certo, é uma ideia que pode mudar o mundo. Estamos em um momento em que há uma mudança acontecendo. As pessoas estão pensando menos no ganho financeiro e mais no porquê das coisas que fazem.

Uma das razões de eu ter largado a publicidade é porque não sentia uma ligação emocional com o que estava fazendo.

Não só eu, mas muitas pessoas que conheço estão procurando fazer algo que tenha uma razão de existir.

Consegui os primeiros investidores no ano passado, antes de ser escolhido para o programa da TechStars, a maior incubadora de start-ups [empresas iniciantes] de Nova York.

Apresentam você a vários mentores do mercado de internet, de presidentes a investidores, toda a gama de profissionais. Isso acontece basicamente no primeiro mês.

O resto do tempo, dois meses, é mais para preparar o produto para o que eles chamam de "Demo Day", o dia de demonstração, que aconteceu no dia 14.

Foi quando anunciei que outros investidores fizeram um aporte, incluindo uma companhia de venture capital [participação em empresas iniciantes].

Essa é a história: como um brasileiro que veio para Nova York há cinco anos, sem falar inglês, e teve a chance de construir uma empresa de internet. Há um grande valor no que estamos fazendo.

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