Estoques recuam e montadoras agora falam em retomada

A expansão das vendas e a redução de estoques de veículos em junho devem garantir uma retomada da produção até o fim de agosto, segundo analistas e os próprios fabricantes.

A avaliação é que as medidas de incentivo do governo -como a redução do IPI- teve efeito não só para as concessionárias, mas também para a indústria. As montadoras, porém, precisam de tempo para compensar a retração do início do ano.

As vendas com IPI reduzido fizeram de junho o segundo melhor mês da história. Os estoques caíram do maior patamar desde a crise -43 dias de vendas- para níveis considerados normais -29 dias.

A produção registrou queda em junho, tanto em relação a maio quanto ao mesmo mês no ano passado. Para a Anfavea (associação das montadoras), o recuo está ligado ao menor número de dias úteis no mês e a uma demora natural para que o estímulo chegue às fábricas.

"Tudo leva a crer que, sim, haverá uma variação positiva na produção [nos próximos meses]", afirmou o presidente da associação, Cledorvino Belini.

Ele descarta, contudo, uma nova prorrogação do benefício e mantém a projeção para o ano -alta de 4% em vendas e 2% na produção.

A desconfiança sobre a manutenção do desempenho no segundo semestre passa pelo alto endividamento dos brasileiros e pelas dificuldades no mercado de usados.

O número de postos de trabalho cresceu, apesar das demissões recentes. A Anfavea, no entanto, diz que pode haver mais cortes, "se houver problemas".

Para o analista Rodrigo Nishida, da consultoria LCA, os fabricantes devem ser beneficiados com a prorrogação dos incentivos até o fim do ano: "Cada vez mais aumentam as chances, em razão da produção industrial ruim."