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Análise

É preciso reduzir a ociosidade da indústria do aço no Brasil

GERMANO MENDES DE PAULA
ESPECIAL PARA A FOLHA

A indústria do aço é cíclica, uma consequência do descasamento entre oferta potencial (medida pela capacidade instalada) e demanda.

Hoje, essa atividade enfrenta considerável ociosidade (21%) em termos mundiais, pois vários projetos elaborados antes da crise financeira de 2008 acarretaram o aumento de tal capacidade.

De outro lado, o consumo ficou abaixo do previsto, tanto nos países emergentes quanto nos maduros.

A indústria brasileira do aço, evidentemente, não está conseguindo passar incólume a essa situação. Ao contrário de crises do setor no passado, a ociosidade da indústria brasileira do aço neste ano é significativa, de 27%.

Os problemas enfrentados por uma grande usina, inaugurada em 2010 e que ainda não chegou à plena carga, são insuficientes para explicar tamanha ociosidade.

Para as siderúrgicas, elevada ociosidade significa: a) custos fixos mais elevados, lembrando que uma usina siderúrgica de 5 milhões de toneladas requer investimentos de pelo menos US$ 8 bilhões; b) margens de lucros mais apertadas, em razão dos custos fixos maiores e dos preços internacionais mais baixos; c) desestímulo ao investimento, pois a demanda (atual e futura) já está mais do que plenamente atendida.

Por esses e outros motivos, para as produtoras de aço, o nível de utilização da capacidade é crucial, sendo um dos principais determinantes dos preços, dos lucros e dos investimentos.

Num mercado cíclico, melhores momentos virão, mas, para isso, é necessário que a ociosidade caia, em especial no parque brasileiro.

GERMANO MENDES DE PAULA, economista, é mestre e doutor pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com pós-doutorado pela Oxford, e professor do Instituto de Economia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

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