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Análise Ao final da corrida, sobrarão as mais ágeis e inovadoras MARCELO NAKAGAWAESPECIAL PARA A FOLHA Era uma vez 1999. Havia euforia e apreensão. Euforia com as oportunidades do novo século. Especialistas decretavam a morte das empresas de tijolos e a longa vida das empresas digitais. A revista "Business 2.0" explicava como diversas indústrias seriam aniquiladas pelas empresas pontocom. No Brasil, a revista "Pontocom" era lida com atenção. Afinal quem era aquele uruguaio chamado Fernando Espuelas, da Starmedia? E Gustavo Viberti e Fábio de Oliveira, do Cadê? A revista "Veja" explicava que, "com boas ideias e dinheiro dos investidores de risco, a internet brasileira copia o modelo americano e produz seus milionários". A euforia ia além. Havia o First Tuesday, uma balada-reunião que acontecia na primeira terça-feira de cada mês em São Paulo. De tão legal, o First Tuesday passou a ser replicado em outras cidades. Diante de tantas oportunidades, incubadoras de negócios digitais começaram a pipocar nas principais cidades brasileiras. Que empreendedor não queria dinheiro, mentoring e networking? E ainda tinha o tal business plan. Empreendedor precisa ter um. Mas também havia apreensão naquele ano. O Bug do Milênio mandaria os sistemas computacionais para o ano 1900! Mas o bug não veio e a euforia voltou... até abril de 2000, quando a Nasdaq derreteu e a bolha pontocom entrou para a história. Era uma vez 2012. Não há mais "Business 2.0", mas tem o "TechCrunch". A estrela da mídia agora é o Facebook. Não há incubadoras porque o negócio é ser uma aceleradora. E estão fazendo bullying com o plano de negócio. O certo agora é ter um modelo de negócio para ser "pivotado" (quando uma empresa muda de direção conscientemente). Mas a chamada da revista "Veja" continua atual: "Com boas ideias e dinheiro dos investidores de risco, a internet brasileira copia o modelo americano e produz seus milionários". Sylvio Barros Netto fundou a Webmotors e agora é o empreendedor da MinhaVida, Paulo Humberg fundou o local Lokau e agora cuida da BrandsClub e do ClickOn, e Romero Rodrigues, Ronaldo Morita e Rodrigo Borges continuam no Buscapé. Alguns acreditam que 2012 repetirá 1999. Mas eu acho que repetirá 1900, quando havia a euforia da indústria automobilística. Mais de 500 empresas só nos Estados Unidos tentavam fabricar a carruagem sem cavalos. Sobraram as mais ágeis e as mais inovadoras. MARCELO NAKAGAWA é coordenador do Centro de Empreendedorismo do Insper. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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