Índice geral Mercado
Mercado
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Criação de vagas perde fôlego em junho

Emprego com carteira tem pior mês desde 2009, mas mercado de trabalho ainda resiste à crise em todos os setores

Maior desaceleração foi no comércio; salários médios dos novos contratados aumentam no primeiro semestre

MARIANA SCHREIBER
DE BRASÍLIA

A economia brasileira gerou 120 mil postos formais de trabalho no mês passado, o segundo pior resultado para o mês de junho dos últimos dez anos, divulgou ontem o Ministério do Trabalho.

Com isso, o número de vagas com carteira assinada criadas no primeiro semestre de 2012 somou 1,048 milhão, uma queda de 26% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Segundo economistas, a diminuição do número de novas vagas é um reflexo esperado do desaquecimento da atividade econômica, que vem mostrando fraqueza desde o ano passado.

Eles consideram, no entanto, que o impacto da piora da atividade no mercado de trabalho não foi forte até agora.

"Dadas a crise externa e a desaceleração do crescimento no Brasil, gerar mais de 1 milhão de vagas no primeiro semestre é um número surpreendentemente positivo", afirma o economista João Saboia, da UFRJ.

Com a economia em marcha lenta, economistas passaram a prever que o crescimento econômico do país neste ano será inferior ao do ano passado (2,7%). O emprego e a renda, entretanto, mantêm certa resistência.

Embora abrindo menos vagas, todos os setores abriram postos de trabalho no semestre, inclusive a indústria, cuja produção recua desde o início do ano.

A maior queda foi observada no comércio, que gerou 53,6% menos postos na primeira metade de 2012 ante o mesmo período de 2011. O segundo pior resultado ficou com a indústria de transformação, com queda de 48,7%.

O economista da consultoria LCA Caio Machado afirma que o empresário da indústria é mais cauteloso ao demitir porque a mão de obra é mais qualificada.

Por isso, há empresas que preferem, antes de demitir, dar férias coletivas ou reduzir a carga horária, na expectativa de uma recuperação da economia à frente.

"Já o trabalhador do comércio é menos qualificado. O empresário não tem muita dificuldade em recontratar quando a economia reacelera e, por isso, demite com mais facilidade", afirma.

Na avaliação de Machado, a geração de postos de trabalho deve se recuperar nos próximos meses, quando as medidas de estímulo econômico adotadas pelo governo devem começar a fazer efeito.

Apesar de o mês de junho ter sido bem fraco para o padrão histórico, cálculo da consultoria que retira os efeitos típicos do mês indica que foram geradas 15% mais vagas do que em maio.

RENDA

Outro dado positivo do mercado de trabalho, observa Saboia, é o aumento da renda. De acordo com o Ministério do Trabalho, os salários médios dos novos contratados cresceram no primeiro semestre em média 5,9% acima da inflação.

Segundo relatório da consultoria LCA, essa alta é reflexo da queda da inflação e do forte aumento do salário mínimo, que impacta principalmente os salários menores.

"Esse aumento da renda deve contribuir para a recuperação do consumo neste semestre", diz Machado.

Colaborou MARIANA CARNEIRO, de São Paulo

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.