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Análise

Geração de emprego já mostra sinais de enfraquecimento

SÉRGIO VALE
ESPECIAL PARA A FOLHA

Como não poderia ser diferente, o emprego começa a sofrer os impactos da desaceleração econômica.

A produção industrial caiu 5,2% desde o pico atingido em março de 2010, ou seja, já estamos com dois anos e meio de estagnação industrial. O resto da economia começou a sentir o enfraquecimento em meados do ano passado.

Desde o segundo trimestre de 2011, o PIB cresceu apenas 0,2%. Assim, essa sensação de paralisação, que se estendia apenas à indústria, já é sentida há um ano em toda a economia.

Por ter começado a parar antes, é natural também que o emprego industrial seja o primeiro a sofrer.

Ainda está no terreno positivo no acumulado em 12 meses, mas, pelas estimativas, talvez em setembro o setor já entre em acumulado negativo, algo que não se via desde a crise de 2008/9.

Pode-se estranhar os números ainda positivos, mas há uma razão muito clara para isso. O custo de contratação e treinamento da mão de obra, além do próprio custo de demissão, subiu muito nos últimos anos, especialmente pela falta de mão de obra qualificada em diversos setores.

Por isso, costumamos ver uma reação tardia do emprego, que apenas demite em último caso se, de fato, não há perspectiva de recuperação no curto prazo. E, cada vez mais, isso é sentido em outros segmentos, além do industrial.

Afinal, já se vai um ano de economia estagnada e mesmo setores que eram grandes empregadores, como o de serviços, já começam a mostrar sinais de contratação em ritmo muito menor.

Quando essa tendência deve mudar? Assim como o emprego é o último a sentir a crise, também costuma ser o último a sentir os benefícios da recuperação.

Num primeiro momento, as empresas se recuperam por ganhos de produtividade e a garantia de uma recuperação de fato reestimula a contratação, como foi o caso em 2009/10.

Ninguém tinha dúvida de que a economia voltaria a crescer naquele momento. Hoje, essa dúvida é muito maior, dado o cenário europeu longe de resolvido e as próprias dificuldades estruturais do Brasil, hoje muito mais evidentes do que naquele momento.

Por isso, pode ser que o emprego, desta vez, leve mais tempo para se recuperar.

SERGIO VALE é economista-chefe da MB Associados.

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