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Superavit da Argentina aumenta 26% após barreira a importações

Compras do Brasil recuam 16% no 1º semestre; para analista, país pode abrandar protecionismo

SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES

As exportações argentinas registraram queda de 10% no mês passado, a maior desde a crise de 2008/2009, segundo números do Indec (Instituto Nacional de Estatística e Censos) divulgados ontem.

As importações do país vizinho também caíram e num ritmo maior, 12%.

Segundo economistas ouvidos pela Folha, os números são explicados pelas restrições às importações promovidas pelo governo da presidente Cristina Kirchner e devido à desaceleração econômica mundial.

Com isso, houve um aumento do superavit comercial do país em 26,3% em relação ao primeiro semestre do ano.

Esse número corresponde à meta buscada pelo secretario de Comércio Interior, Guillermo Moreno, principal impulsionador das medidas protecionistas.

Os principais produtos afetados foram a soja, o óleo de soja e os automóveis. Os bens de capital foram os que mais caíram, cerca de 38%.

"A estratégia do governo ao lançar medidas restritivas à importação e à compra de dólares está funcionando", afirmou à Folha o economista Maurício Claveri, da consultoria Abeceb.

"A balança comercial está começando a se comportar do modo como querem", acrescentou Claveri.

Segundo o analista, o impacto da queda do comércio com o Brasil nesse número é muito importante.

"As principais medidas afetam diretamente o comércio industrial, que é aquele no qual Brasil e Argentina são grandes parceiros. Sofrem as áreas de automóveis, eletrônica, maquinário agrícola e outras", resume.

Com relação às importações vindas do Brasil, houve uma queda de 22% em junho, que acompanha a de 16%, em todo o semestre.

ABRANDAMENTO

Por outro lado, o bom desempenho da balança comercial pode sinalizar um abrandamento das travas à importação no segundo semestre.

"Tudo leva a crer que as medidas protecionistas devem ser reduzidas daqui por diante. Só não dá para garantir devido à incerteza no mercado cambiário", diz.

Desde outubro do ano passado, o governo argentino tem lançado medidas restritivas para a compra de dólares, fazendo com que o mercado paralelo da moeda norte-americana dispare.

"Se esse problema se tornar mais agudo, as travas serão acirradas. Será um movimento contrário e independente do que os dois governos possam estar acertando agora", afirmou Claveri, em referência aos sinais que o governo argentino tem enviado ao brasileiro sobre a possível amenização das travas ao comércio entre os dois países.

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