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Análise

Inadimplência preocupa, mas não põe o sistema financeiro brasileiro em risco

ERIVELTO RODRIGUES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os bancos brasileiros terão um ano difícil pela frente. Após análise dos resultados recém-divulgados, podemos observar queda dos lucros no primeiro semestre em relação a igual período de 2011.

Entre os fatores que podemos relacionar para essa mudança estão: a redução da taxa básica de juros que remunera a carteira de títulos públicos dos bancos; a redução dos "spreads" bancários; a atividade econômica, que não se mostra tão vigorosa quanto se previa no início do ano; e a inadimplência, que vem aumentando e também corrói os ganhos do setor.

Atenção maior deve ser dada aos pequenos e médios bancos, que, desde o evento do banco PanAmericano e, mais recentemente, do Cruzeiro do Sul, tiveram substancial aumento no custo de captação e dificuldade para cessões de carteiras de crédito para outros bancos e/ou fundos de direitos creditórios.

Alguns dos bancos desse segmento terão de promover aumento considerável de provisões para créditos de liquidação duvidosa, punindo ainda mais seu resultado. Em alguns casos, será necessário uma capitalização.

Agora, dizer que o sistema bancário está em perigo não é verdade. O que acontece é que estamos passando por um momento de ajuste, mas a indústria bancária brasileira continua sólida.

Alguns fatores justificam a certeza da boa solvência e funcionamento do Sistema Financeiro Nacional: manutenção dos rígidos instrumentos de controle monetário, como o elevado nível de depósito compulsório; pulverização dos canais de irrigação do crédito por meio de correspondentes bancários; amplos critérios de seletividade na concessão de crédito por parte dos participantes do SFN; e atuação ativa dos agentes reguladores e fiscalizadores quanto ao cumprimento e ao enquadramento das instituições financeiras nos indicadores de alavancagem.

É fato que a alta da inadimplência preocupa e já aparece nos balanços dos bancos como fator de redução de seus lucros. Entretanto, o nível registrado atualmente está muito longe de colocar o SFN em condição de risco, como observado nas economias da zona do euro.

ERIVELTO RODRIGUES é presidente da Austin Rating.

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