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Segredo é ser diferente e ter foco, sugere quem prosperou

Empreendedores entrevistados consideram importante encontrar um nicho

Contador obtém sucesso ao se especializar em universidades; agência de turismo funciona 24 horas por dia

DE SÃO PAULO

Aos dez anos de idade, Nathaniel José Vieira Pereira viu o pai perder a mercearia que tinha na cidade de Ipatinga, interior de Minas, por não saber administrar o negócio.

O impacto da falência ficou guardado como lição. "Saí determinado a estudar para que aquilo não voltasse a acontecer", diz ele, hoje aos 38.

Anos mais tarde, em 1989, tornou-se sócio de um escritório após terminar o curso de ciências contábeis.

Em uma sala de 30 metros quadrados montada no fundo do quintal de uma casa, com cadeiras, estantes e mesas cedidas por amigos, nascia a NTW Contabilidade e Gestão Empresarial, em parceria com um amigo.

Hoje são seis unidades -três filiais próprias e três franquias- e 700 candidatos a abrir um escritório da marca em todo o país, além de propostas na Argentina, em Portugal e em Moçambique.

"Desde pequenos, pensávamos e agíamos como uma grande empresa, com profissionalismo. Não há fórmula nem mágica para dar certo: tem de ter foco."

Ao montar o negócio, a primeira decisão foi oferecer serviços contábeis e de gestão para escolas e universidades -o pacote incluía desde informações sobre legislação tributária e compromissos fiscais até indicadores que permitissem melhorar o negócio.

"Para as universidades, criamos uma maneira de avaliar e acompanhar os resultados dos cursos. Um método que permite, com base no número de inscritos no vestibular, projetar a lucratividade do curso até a formatura de cada turma", diz.

São 70 funcionários para atender 700 clientes, entre eles quatro universidades mineiras -a empresa criou uma divisão para atender exclusivamente o setor de educação.

"Resolvi entender como o mercado tratava a informação contábil e me colocava no lugar de quem precisava da informação. Resolvi trabalhar sob medida, como um 'alfaite' fiscal."

A partir da experiência com educação, a empresa começou a desenvolver serviços para o segmento de saúde, postos de combustíveis e construção civil, entre outros.

"Atendo desde microempresas até a Petrobras."

Com alguns prêmios no currículo, a empresa assessora agora companhias chinesas que pretendem investir no Brasil. "Participamos da maior feira de negócios na China e os empresários de lá nos contrataram para entender a complexa legislação do país. O que é burocracia para eles é negócio para a NTW", diz o empresário.

Assim como Pereira, um terço dos cerca de 2.000 empresários entrevistados em uma pesquisa do Sebrae-SP decidiu abrir uma empresa por identificar uma oportunidade no mercado.

E, entre as que se mantêm no mercado, 43% recomendam oferecer produtos e serviços diferenciados como a forma de atrair mais clientes e prosperar.

Alex Furtado, dono da agência de viagens Ar Bonito, em Mato Grosso do Sul, segue a receita há nove anos. Mantém a empresa aberta 24 horas para atender os clientes. "Agências são muitas. Mas para poucas você pode ligar às 3h e pedir para montar um pacote."

Depois de velejar pelo mundo por dez anos e trabalhar como free-lancer, decidiu montar a Ar Bonito.

Das reuniões semanais com os funcionários surgem novas ideias, metas e planejamento. "Temos uma fábrica de ideias, uma ferramenta que permite a todos responder a 20 perguntas sobre a empresa e como conduziriam o negócio. As sugestões se transformam em ações", diz.

Fora a matriz, já tem duas filiais, em João Pessoa e São Paulo, além de trabalhar com o que chama de "agentes remotos" em seis capitais. "Laura, a primeira vendedora que me acompanha na agência, trabalha de pijama em casa, em Mogi-Mirim. Ela teve de mudar fisicamente, mas continua comigo."

São 82 funcionários diretos e 400 indiretos -profissionais que prestam serviço a clientes. "Comecei com R$ 50 mil. Hoje administramos dois hotéis, dois restaurantes e temos um faturamento médio de R$ 7 milhões por ano."

(CLAUDIA ROLLI)

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