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Análise

Comércio entre parceiros deve crescer, mas conotação política pode atrapalhar

OTTO NOGAMI
ESPECIAL PARA A FOLHA

A decisão de admitir a Venezuela como quinto país-membro do Mercosul suscita amplas discussões de natureza política, jurídica e econômica.

Do ponto de vista econômico, a Venezuela tem 28,8 milhões de habitantes e um PIB de US$ 392 bilhões, com um comércio internacional (exportações mais importações) totalizando pouco mais de US$ 105 bilhões em 2010.

Antes de sua admissão no bloco comercial, o Brasil era o único parceiro mais importante, enquanto para os outros países-membros o comércio com a Venezuela era pouco representativo.

As estatísticas de 2010 da OMC mostram que 95,3% das exportações da Venezuela referem-se a combustíveis, enquanto sua dependência com relação aos produtos manufaturados é de 81,1% do total de importações, que têm como principais origens os EUA (30,5%), a União Europeia (14,6%), a China (11,1%) e o Brasil (9,8%).

Os produtos agropecuários, por sua vez, representam 16,3% das importações, o que mostra que o país é dependente da importação de alimentos para abastecer sua população.

Do ponto de vista econômico, os antigos países-membros poderão se beneficiar com um eventual aumento no volume de exportações, notadamente de produtos agrícolas e manufaturados.

Sabendo-se que a formação de um bloco econômico visa, além do fortalecimento do comércio entre os países-membros, o aumento no poder de barganha comercial com outros blocos ou mesmo economias mais bem posicionadas no comércio mundial, a entrada da Venezuela começará a dar uma conotação muito mais política do que econômica na relação com esses países.

Isso poderá dificultar ainda mais a aproximação do Mercosul, e também do Brasil, com os mercados mais desenvolvidos, onde circulam as grandes economias com os grandes negócios.

OTTO NOGAMI é economista e professor de economia do Insper.

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