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Crise em carros usados fecha 4.500 lojas

Afetado por restrição de crédito e desvalorização dos modelos, setor recorre ao governo

GABRIEL BALDOCCHI
DE SÃO PAULO

Enquanto as montadoras comemoram a recuperação dos negócios, revendedores de carros sofrem com as restrições de crédito e a desvalorização dos modelos.

Diante da queda no comércio de usados em junho, a relação das vendas entre novos e seminovos, superior a 2,6 nos cinco últimos anos, caiu para 2,1.

Desde o final do ano passado, o crédito secou no setor. Cerca de 80% dos pedidos de financiamento são negados.

A redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) acentuou a crise. Em alguns modelos, a desvalorização chega a 30% como reflexo da queda nos novos.

A Fenauto (sindicato das revendas) estima que 4.500 lojas tenham sido fechadas nos últimos meses, cerca de 10% do total no país.

O setor entregou uma pauta de reivindicações ao Ministério da Fazenda.

Pede retirada total do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) nos financiamentos de usados e uma linha de capital de giro para garantir a sobrevivência dos lojistas até a retomada do crédito.

"O governo só tem olhos para as montadoras. Esquece o nosso setor", afirma o presidente da Fenauto, Ilídio Gonçalvez.

Ele reclama da falta de resposta para os pedidos.

O lojista Ariovaldo Tavares de Souza, 60, fechou duas de suas três revendas no centro de São Paulo e já contabiliza um prejuízo de mais de R$ 100 mil.

"Como não vende, tem que repassar com prejuízo. Um Palio vendido antes a R$ 18 mil custa hoje R$ 13 mil", diz.

A crise nos usados deve afetar o desempenho dos novos. Cerca de 60% dos compradores de modelos zero-quilômetro entregam um carro de entrada no negócio.

"É um mercado muito significativo, até mesmo para a montadora, porque, para vender o carro novo dela, ela precisa desse mercado funcionando", afirma o consultor Valdner Papa.

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