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Finanças Pessoais

MARCIA DESSEN - marcia.dessen@bmibrasil.com.br

O ônus e o bônus do cheque especial que dá dez dias sem juros

Sabemos que os juros cobrados no cheque especial são muito elevados. Só perdem para os juros do cartão de crédito, campeão dos juros altos, pagos pelos usuários que deixam de quitar o valor total da fatura no vencimento.

A oferta de uma linha de crédito sem juros, para ser usada durante dez dias, todos os meses, parece tentadora. E de fato é.

Porém é preciso ficar atento às condições definidas pela instituição financeira que oferece o produto. Desconhecimento da regra ou falta de atenção na hora de cobrir o saldo devedor pode custar caro para o correntista.

DEZ DIAS

O prazo de utilização do limite, isento da cobrança de juros, é de dez dias por mês, corridos ou alternados, e nem um dia a mais.

Se você errar a contagem e utilizar o limite por 11 dias, por exemplo, pagará juros retroativos sobre todo o período de 11 dias -e não apenas sobre o único dia (o 11º) em que ultrapassou o prazo.

Quando o 10º dia for um sábado, domingo ou feriado, você deve cobrir o saldo devedor no dia útil anterior.

Lembre-se de cobrir o saldo devedor com depósito de recursos imediatamente disponíveis: depósito em dinheiro, resgate de uma aplicação financeira ou crédito do salário, por exemplo.

O MÊS

O produto permite que o cliente utilize dez dias sem juros todos os meses. Mas é preciso ficar atento mais uma vez. O mês do produto não é o mês calendário.

Essa percepção equivocada tem provocado prejuízo para pessoas desatentas, que utilizam o produto sem o pleno entendimento das regras do jogo.

Quando o produto é contratado, você escolhe o dia do mês para pagamento dos encargos financeiros.

Pois bem, essa data determina qual será o seu mês de referência, que começa no dia escolhido.

Assim, se você escolher o dia 5 para pagamento dos encargos, o mês de referência será o período compreendido entre o dia 5 de um mês até o dia 4 do mês seguinte.

IOF E OUTROS CUSTOS

Com a utilização correta desse limite, você deixará de pagar juros para o banco. Entretanto, não evitará o pagamento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), devido ao governo, e que será debitado no dia escolhido para o pagamento dos encargos financeiros.

Verifique com a instituição financeira que oferece o produto quais são as condições para ter acesso ao produto.

É possível que a oferta do produto seja feita somente aos clientes que compram um determinado pacote de serviços, cujo valor mensal é superior ao pacote de que você necessita.

Com isso, estará pagando, indiretamente, pelo direito de utilizar o produto.

Investigue se existem outros custos, além do pacote de tarifas. Eles podem ser evitados e só faz sentido pagá-los se você tiver um bom planejamento do seu orçamento e utilizar corretamente esse limite.

COMO USAR

Leia atentamente o contrato do produto, entenda as regras de utilização, esclareça todas as dúvidas com seu gerente e faça simulações de utilização para assegurar que seu entendimento sobre o contrato está correto.

Utilize essa linha de crédito somente em intervalos

curtos, inferiores a dez dias, para evitar o risco de pagar juros sobre o período integral somente porque se perdeu no controle.

Utilize pelo tempo suficiente para você organizar suas contas ou negociar a contratação de outra modalidade de empréstimo, com taxa de juros menor do que a cobrada no cheque especial.

Controle cuidadosamente o período de utilização desse limite. Qualquer descuido pode colocar abaixo uma excelente estratégia de utilizar recursos, por alguns dias, sem pagar juros.

Controle seu fluxo de caixa cuidadosamente. Mantenha entradas e saídas de recursos anotadas como um verdadeiro quebra-cabeças, num jogo estratégico que pode representar boa economia de dinheiro todos os meses.

Se imaginarmos uma taxa de 9% ao mês, seu custo de oportunidade se aproxima de 3%, montante de juros que você deixa de pagar por dez dias.

A utilização não pode ultrapassar o valor do limite estabelecido no contrato do produto. Qualquer excedente pode derrubar a estratégia e gerar o pagamento de juros retroativos.

Verifique a existência de outro limite a ser observado. Suponha que o limite do cheque especial seja de R$ 30 mil e o banco estabeleça o patamar máximo de R$ 20 mil para o produto sem juros. Nesse caso, prevalecerá o menor dos dois valores.

Aprenda a viver sem esse mecanismo. O uso frequente dessa linha de crédito, para cobrir despesas enquanto o salário não chega, não é sustentável. Controle seus gastos e use corretamente essa linha de crédito para tirar o melhor benefício do produto.

MARCIA DESSEN, Certified Financial Planner, é sócia e diretora-executiva do Brazilian Management Institute, professora convidada da Fundação Dom Cabral e cofundadora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros.

@bmibrasil

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