Índice geral Mercado
Mercado
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Famílias se endividam para pagar dívidas

Proteste encaminha ao governo dados que mostram que, entre os endividados, 42% da renda está comprometida

Grupo de 200 famílias de São Paulo e do Rio pesquisadas têm dívida média de R$ 1.009 e renda de R$ 2.401

CLAUDIA ROLLI
DE SÃO PAULO

Um mapeamento das famílias endividadas em São Paulo e no Rio mostra que 46,5% delas fizeram uma dívida nova para pagar uma antiga. Entre esse grupo de consumidores, é comum os que se desfazem de carros, máquinas de lavar, jogos eletrônicos e joias para conseguir quitar ou renegociar o quanto devem.

Para pagar as dívidas ativas que possuem, as famílias comprometem, em média, 42% de sua renda.

Os resultados constam de pesquisa feita pela Proteste - Associação de Consumidores, com 200 famílias, e foram encaminhados ao governo, ao Banco Central e à Febrabran (Federação Brasileira de Bancos) para discutir os impactos do crescimento da oferta de crédito e seus riscos.

"A intenção é encaminhar os dados ao G20 [grupo dos 20 países economicamente mais poderosos], que abriu espaço para debater temas financeiros, e pedir a aprovação de propostas para coibir práticas abusivas dos bancos", diz Maria Inês Dolci, coordenadora da Proteste.

A falta de planejamento familiar aliada à facilidade de obter crédito e às taxas elevadas de juros cobradas no mercado impulsionam o endividamento.

A renda média das famílias pesquisadas foi de R$ 2.401 e as dívidas, de R$ 1.009,45. A maior parte dos entrevistados (56,6%) deve até R$ 500. Mas quase 40% têm débitos acima de R$ 5.000.

Um dos principais responsáveis pelo endividamento é o uso do cartão de crédito sem o pagamento integral da fatura do mês -principalmente entre consumidores da classe C.

Oito em cada dez famílias entrevistadas gastam, em média, até R$ 500 no cartão, mas 38,1% delas não conseguem pagar a fatura à vista.

"Caem em um labirinto de endividamento, o que prejudica o crescimento do país. O rotativo é uma das modalidades que afetam diretamente a qualidade de vida das famílias porque os juros são extorsivos", diz Maria Inês.

Os juros do cartão de crédito no Brasil chegaram a 323,14% ao ano e superaram os de países da América Latina, de acordo como dados da Proteste de julho.

Outro indicador chama a atenção. A inadimplência do consumidor cresceu 17,8% no acumulado de janeiro a julho deste ano ante igual período de 2011. Na comparação de julho com junho deste ano, a taxa caiu 1,5%, segundo a Serasa Experian.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.