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Análise

Educação financeira evita que crédito comprometa orçamento

SAMY DANA
MIGUEL BANDEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Políticas de estímulo ao consumo via acesso ao crédito são usadas com sucesso desde o fim do governo Lula.

Hoje, com a Selic em seu mínimo histórico e a redução dos "spreads" bancários, podemos afirmar que o brasileiro nunca teve tantas facilidades de acesso ao crédito.

Contudo, os efeitos colaterais dessas políticas estão cada vez mais evidentes.

Segundo a ProTeste, as famílias brasileiras comprometem, em média, 42% da sua renda com o pagamento de dívidas. As linhas mais utilizadas são o cartão de crédito e o cheque especial, que em inúmeros casos ultrapassam a taxa de 200% ao ano.

Os números são alarmantes e devemos refletir sobre a principal causa desses resultados: a (falta de) educação.

Apesar de ser a sétima economia do mundo, o Brasil amarga o posto de 88º país no ranking de educação da Unesco, quase metade dos trabalhadores brasileiros sequer completam o ensino fundamental e cerca de 16% são analfabetos funcionais.

Tal precariedade faz com que muitos usem o crédito seguindo a "lógica da parcela no bolso", ou seja, o brasileiro observa apenas se a parcela cabe na sua renda, sem se preocupar com juros abusivos e com o custo total.

Além disso, por permitir a aquisição de bens até então inacessíveis, o crédito causa uma espécie de deslumbramento que leva as pessoas a parcelar uma quantidade cada vez maior de compras.

A certa altura, são tantas as parcelas que fica até mesmo difícil de o consumidor se lembrar de todas, o que induz a uma espécie de "bola de neve", pois muitas famílias contraem novos empréstimos com juros mais altos para pagar dívidas antigas.

O crédito é como um carro: pode melhorar as nossas vidas, mas, quando em mãos de pessoas que não sabem usá-lo, pode ser catastrófico.

Por isso, para manter a sustentabilidade do crédito no Brasil, é imprescindível investir em educação.

SAMY DANA é Ph.D em finanças e professor da EESP-FGV. MIGUEL BANDEIRA é graduando em economia pela EESP-FGV, consultor e conselheiro da CJE-FGV.

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