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Análise

Resultados do comércio são festa com horário para acabar

CLAUDIO FELISONI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os resultados do comércio varejista em junho mostram um resultado muito bom. O setor cresceu 9,5% em volume de vendas, em comparação a junho de 2011. Em termos de receita nominal, o percentual é de 12,8%.

Nos últimos 12 meses, o resultado é também bastante positivo. Em volume, o crescimento foi de 7,5%. Em receita nominal, o aumento foi de 11,5%, o que representaria uma expansão real da ordem de 6,2% nos últimos 12 meses (junho 2011 a junho de 2012).

O resultado ganha ainda mais expressão quando se considera que a base de 2011 situa-se em um nível elevado.

As maiores expansões da receita nominal se deram nos segmentos supermercados, farmacêuticos, móveis e eletrodomésticos e material de construção.

Tais evidências demonstram que as políticas de estímulo ao consumo, pelo menos até junho, cumpriram sua missão, ou seja, sustentar um crescimento do PIB.

O problema não é compreender os motivos para esse resultado. Inflação sob controle, redução da taxa de juros na ponta, ganhos reais para importantes categorias profissionais e alongamento dos prazos médios de pagamento ( de 575 dias para 610 dias) são elementos suficientes para entender o ocorrido.

Mais importante é tentar antever até onde se consegue esticar essa corda. Os próprios dados do BC mostram que a renda comprometida com o pagamento de dívidas continua crescendo.

Em junho do ano passado, 41,07% do orçamento das famílias estava comprometido com pagamento de dívidas.

Neste ano, esse percentual subiu um pouco menos de 2,5%, situando-se no patamar ainda menos confortável de 43,43% em junho.

Por essa razão, a inadimplência, medida pelo BC como os saldos em atraso acima de 90 dias, mantém-se na casa dos 7,8% -em junho de 2011 era de 6,4%.

Acrescente-se que os investimentos, responsáveis pela ampliação da capacidade produtiva, que já estavam bem aquém das necessidades, perderam um pouco mais de fôlego.

Não é difícil presumir que o consumo, com o peso do comprometimento da renda, em algum momento ainda neste ano desacelerará.

Ou então continuará nessa trajetória e se defrontará com uma força contrária ocasionada pela falta de investimentos. Nesse caso, essas pressões se dissiparão por meio de aumento de preços, isto é, inflação.

CLAUDIO FELISONI é presidente do Conselho do Provar-FIA (Programa de Administração de Varejo - Fundação Instituto de Administração) e do Ibevar (Instituto Brasileiro de Executivos do Varejo).

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