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Análise

Índice veio como esperado, mas as perspectivas não são claras

JOSÉ FRANCISCO DE L. GONÇALVES
ESPECIAL PARA A FOLHA

A variação do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) de junho em relação a maio -descontados os efeitos de sazonalidade- foi de 0,75% e, em relação ao mês de junho do ano passado, foi de 0,99%.

A antecedência da divulgação do IBC-Br em relação à do PIB trimestral permite criar cenários sobre a atividade e suas implicações sobre a política econômica.

Notadamente as expectativas sobre o comportamento futuro da taxa Selic são bastante afetadas pela divulgação do IBC-Br.

Com o novo dado é possível estimar o crescimento do PIB no segundo trimestre em 0,4% sobre o primeiro, que, por sua vez, teve alta de 0,2% em relação ao do fim de 2011.

Os dados divulgados antes, referentes a varejo e emprego, tiraram boa parte da repercussão do IBC-Br sobre o mercado de juros. Mas a grande dúvida neste momento é sobre a relativa melhora que o índice confirmou.

Trata-se de um ponto de inflexão na atividade que vem em contração mensal desde meados do ano passado? Ou de uma exceção, como em novembro de 2011, quando o índice variou 0,71% e o PIB do trimestre centrado naquele mês cresceu 0,2%?

Vai fazer um ano que o BC iniciou o processo de forte relaxamento das condições monetárias, com a queda da Selic em 4,5 pontos percentuais. Há expectativa de que a queda vá a 5 pontos ou mais. Pode-se esperar que tal alívio estimule o consumo e o investimento via crédito.

Cabe lembrar, porém, que o próprio movimento de queda da Selic teve por justificativa a evidente deterioração das condições econômicas e financeiras globais e seus efeitos sobre as expectativas.

O Brasil pode voltar a crescer mais de 1,5% -estimativa bem provável para este ano- desde que avancem a estabilização das condições externas e a recuperação da disposição a gastar de produtores e consumidores, bem como a disposição a emprestar de agentes de crédito.

Muito da decisão do governo sobre o pacote de infraestrutura anunciado há pouco parece vir da avaliação de que os juros baixos não são suficientes, além da óbvia conveniência de melhorar e ampliar nossa infraestrutura.

Não por outra razão, somada à incerteza e ao risco, o BNDES foi chamado a financiar os projetos.

Animar as expectativas e fazer acontecerem os investimentos são os desafios.

JOSÉ FRANCISCO DE LIMA GONÇALVES é economista-chefe do Banco Fator.

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