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Ferrovias podem custar R$ 36 bi ao governo

Segundo novo modelo, Estado bancará as obras e a instalação de 10.000 km de novas linhas feitas por concessionário

Governo poderá cobrir custos ao oferecer transporte ao mercado, mas há dúvida se haverá demanda suficiente

DIMMI AMORA
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA

Os 10 mil quilômetros de novas ferrovias concedidas pelo governo poderão custar aos cofres públicos até R$ 36 bilhões em 30 anos.

Essa é a estimativa usada pela equipe presidencial na montagem do Plano de Investimento em Logística, apesar de acreditar que o custo final poderá ser menor caso as medidas surtam os efeitos esperados e aqueçam a economia.

O valor decorre do novo modelo de concessão, que vai garantir aos ganhadores dos leilões o pagamento de todos os custos do processo.

No novo modelo, os concessionários vão realizar as obras, manter e operar as novas ferrovias por 30 anos.

O governo cobrirá integralmente esses custos, estimados em R$ 91 bilhões, ao longo do período. Em troca, ficará com toda a capacidade de transporte das ferrovias para oferecer no mercado.

DÚVIDA

A venda dessa capacidade teria, em tese, que cobrir todos os custos, mas há dúvidas se haverá demanda suficiente em todos os trechos.

Segundo técnicos, a estimativa é que será possível recuperar entre 60% e 70% do que o governo irá comprar dos concessionários.

A diferença será o subsídio que o Tesouro bancará para viabilizar os investimentos.

Bernardo Figueiredo, presidente da EPL (Empresa de Planejamento e Logística), que comandou a elaboração do plano, acredita que a dinamização das ferrovias -com a conexão das novas linhas aos 10 mil quilômetros de ferrovias em operação hoje- elevará ao longo do tempo a quantidade de carga transportada por trilhos.

"Poderemos nem ter prejuízo ao longo do processo."

O ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, diz que os estudos ainda precisam ser desenvolvidos, mas que, em alguns projetos, como os de São Paulo e do Centro-Oeste, a expectativa é que não haverá diferença entre o custo e a arrecadação.

Já, para implementar o sistema para ligar o Sudeste ao Nordeste, a avaliação é que o custo a ser assumido pelo governo não será recuperado no curto prazo.

ESTATIZAR O PREJUÍZO

A opção foi criticada no mercado. A avaliação é que o governo está estatizando o prejuízo e garantindo lucro principalmente para quem vai construir.

Dilma Rousseff aceitou o modelo por ser semelhante ao de energia, criado por ela e em que o governo concede as novas usinas para o setor privado, mas garante a compra da produção.

No governo, as opções que não envolviam assumir o risco foram consideradas inviáveis. Se o concessionário vendesse diretamente a capacidade de transporte das linhas, seria cobrado dos consumidores tarifa muito elevada.

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