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Vaivém das Commodities

MAURO ZAFALON - mauro.zafalon@uol.com.br

Varejo lucra até 220% com alta do frango

O preço do frango vem subindo devido ao aumento de custo sofrido por produtores e empresas nos últimos meses. A alta é gerada pela queda mundial na oferta de grãos, trazida pela seca nos Estados Unidos. Essa redução de oferta elevou os preços das commodities e forçou uma alta da ração.

O problema é que, além desses custos vindos da produção e da industrialização, os consumidores estão pagando por uma margem "antiética" vinda do varejo, segundo Francisco Turra, presidente da Ubabef (União Brasileira de Avicultura).

"Enquanto as empresas e pequenos produtores do setor avícola lutam diante de um dramático aumento de custos, alguns estabelecimentos do varejo se aproveitam para explorar o bolso do consumidor, imprimindo margens de até 220% nos preços dos produtos", diz ele.

O presidente da Ubabef se baseia em pesquisa de preços feita pela APA (Associação Paulista de Avicultura) no varejo de São Paulo.

O levantamento da APA indica que uma bandeja de filé de peito de frango produzida no Estado de São Paulo chega a ser vendida na gôndola com alta de até 129% sobre o preço de venda da agroindústria. No caso do frango inteiro, a diferença chega a 139%, e, no da coxa, a 146%.

Para Turra, um dos casos que mais chamam a atenção é o do frango a passarinho, cuja margem atinge até 220%.

"Os repasses do aumento de custos de produção para os consumidores é lógico, mas o que não é normal é alguns estabelecimentos varejistas se aproveitarem dessa situação e elevarem o produto em percentuais desmedidos", diz Turra. É hora de reduzir os prejuízos da cadeia produtiva como um todo, afirma ele.

Essa margem aplicada pelo varejo se constitui em um círculo vicioso. Produto mais caro, vendas menores e problemas ainda maiores para os avicultores, segundo Erico Pozzer, presidente da associação dos produtores.

Muita soja A área de soja vai ser recorde nesta safra, podendo chegar a 28 milhões de hectares, conforme estimativas de algumas consultorias. Isso é bom porque a oleaginosa é um dos produtos que têm bons preços e traz liquidez para os produtores.

E o milho? O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, está preocupado, no entanto, com o que vai ocorrer com o milho. O plantio da oleaginosa não deve inibir o do cereal, na avaliação dele.

Preocupação O prolongamento das chuvas neste ano trouxe uma situação indesejável para os produtores de soja de Mato Grosso. Os grãos que germinaram depois da colheita estão com uma incidência de ferrugem muito grande.

Defensivos O custo de combate a essa ferrugem, surgida durante o chamado "vazio sanitário", é grande. Além disso, ele seria mais fácil não fosse a lista de novos produtos de maior eficácia que estão à espera de liberação pelos órgãos do governo. É o que ocorre com produtos da Basf e da Syngenta, diz um produtor.

Questão trabalhista pode afetar produção agrícola

Questões trabalhistas podem atuar contra a nova safra de grãos, que promete ser recorde. Primeiro foi a greve de caminhões, que dificultou o escoamento da safra. Agora a morosidade das operações no porto de Paranaguá, que deve atrasar a distribuição do adubo importado.

A preocupação é de Glauber Silveira, presidente da Aprosoja Brasil. Ele teme que o adubo que ainda falta para ser distribuído atrase o início de plantio de soja.

Os pequenos e médios produtores serão os mais afetados, já que os grandes têm a preferência na entrega. As medidas trabalhistas são importantes, mas o governo deveria implementá-las aos poucos, segundo Silveira.

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