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Análise

Região Centro-Sul recupera atraso na moagem de cana

PLINIO NASTARI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Decorrida metade da safra de cana na região Centro-Sul, a produção de açúcares totais, matéria-prima para fabricar açúcar e etanol, dá sinais de que deve repetir a performance do ano passado.

Não é pouca coisa, e representa uma reversão da tendência anterior de queda de produção.

Quando não ocorre a renovação dos canaviais, o rendimento agrícola médio cai entre 8% e 10% a cada ano.

A produção deste ano indica o contrário, mas deve ainda ficar longe dos recordes atingidos em 2010, tanto em açúcar quanto em etanol.

As chuvas fora de época em maio e junho ajudaram a melhorar a condição geral dos canaviais, e o tempo seco em julho e neste mês têm permitido às usinas operar com aproveitamento de tempo bastante elevado, recuperando o atraso na moagem.

Na região Norte-Nordeste, a seca comprometeu parte da safra que começa a ser colhida a partir de setembro, e é provável que o início da moagem atrase um pouco.

O clima também tem afetado a produção da Índia, visto que até este mês as chuvas ficaram, no acumulado da safra, 28% abaixo da média, afetando principalmente os Estados de Maharashtra, Karnataka e Tamilnadu.

Os preços internos subiram 20% em julho, reduzindo a atratividade da exportação, e a safra indiana que começa em outubro deve ser menor do que os 26,15 milhões de toneladas registrados no ano passado (deve ficar entre 24 milhões e 24,5 milhões).

Na direção inversa, impulsionada por chuvas acima da média, a Tailândia deve continuar expandindo sua produção, sendo esperados 10,6 milhões de toneladas na próxima safra, com exportações de 8 milhões de toneladas. Também a China deve recuperar a produção em cerca de 2 milhões de toneladas, reduzindo suas importações.

Num cenário para o açúcar que indica mercados mais abastecidos, a vantagem do Brasil continua sendo a diversificação de sua indústria e sua flexibilidade industrial para produzir açúcar e etanol. Mas é inexorável o crescimento das demandas de açúcar e de etanol. Segundo a Organização Internacional do Açúcar, a demanda mundial deve crescer 28 milhões de toneladas até 2020.

O mercado interno de etanol hidratado continua com demanda potencial em crescimento, pela expansão forte e contínua da frota flex. E a demanda por etanol anidro está em crescimento no Brasil e no exterior.

O Brasil e os EUA, maiores produtores e consumidores mundiais de etanol, têm hoje mercados absolutamente livres para o etanol. Uma conquista que deve ser comemorada, valorizada e preservada a todo custo, e, se possível, expandida para outros mercados.

PLINIO NASTARI é mestre e doutor em economia agrícola e presidente da Datagro Consultoria.

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