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Neri assumirá verba similar à de foguetes

Ao ser confirmado como presidente do Ipea, economista terá orçamento que cresceu 30% nos últimos cinco anos

Dinheiro para pesquisas econômicas chegou a R$ 305 mi em 2011, mas publicação tradicional não teve o mesmo ritmo

MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO

Ao ser confirmado na presidência do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) nesta semana, o economista Marcelo Neri assumirá um orçamento próximo ao que o país desembolsa no Programa Espacial.

A verba destinada ao instituto, que faz pesquisas na área econômica, chegou a R$ 305 milhões no ano passado. Estudos para lançar no espaço o primeiro satélite verde-amarelo receberam R$ 348 milhões.

Nos cinco anos de gestão do petista Márcio Pochmann, o orçamento do Ipea cresceu 30% (descontada a inflação).

O economista, egresso da Unicamp, ampliou o quadro de pesquisadores (hoje cerca de 250), o número de diretorias e os convênios com instituições de ensino.

Mas o número de "Textos para Discussão" -a mais tradicional publicação do Ipea-não acompanhou o mesmo ritmo de expansão. Em 2006, ano anterior à chegada de Pochmann, foram publicados 106 "Textos para Discussão". No ano passado, 116 -um aumento de 10%.

Afora parâmetros quantitativos, a pesquisa sob Pochmann também foi criticada.

"Os documentos produzidos por pesquisadores que não pensavam como ele foram marginalizados", revelou à Folha um economista do Ipea que pediu para manter seu nome em sigilo.

"Enxugar a verba para contratar assistentes e para viagens a seminários e congressos também é uma forma de limitar o trabalho do pesquisador", exemplifica.

Pochmann nunca admitiu cerceamento. Dizia que estava dando enfoque à pesquisa de longo prazo e que defendia a diversidade de pensamento dentro do instituto.

A assunção de Neri ao cargo de presidente do Ipea é atribuída, no governo, a seus estudos ligados à classe média. Mas foi recebida com especial entusiasmo por pesquisadores do Ipea do Rio.

Espera-se que o economista, atualmente chefe do Centro de Pesquisas Sociais da FGV do Rio, reforce o escritório carioca, hoje esvaziado.

Não só porque Neri trabalhou na unidade, no fim dos anos 90. Mas também porque tem formação liberal -estudou na PUC-Rio e é doutor pela Universidade de Princeton.

Na unidade carioca do Ipea, eram produzidas pesquisas consideradas alinhadas ao pensamento liberal. A escola é rival à de Pochmann, identificado com os chamados desenvolvimentistas.

Hoje o Ipea do Rio não tem mais do que 40 pesquisadores, 10 bolsistas. E passou a ser chamado de representação -mesmo nome dado às recentes expansões do instituto na Paraíba e no Pará.

Economistas ligados a Pochmann no Ipea torciam para que a interina, Vanessa Petrelli, ficasse no cargo. E consideram a chegada de Neri ao Ipea -então chefiado por um petista- vitória do PMDB do ministro Moreira Franco (Assuntos Estratégicos).

Colaborou CLÁUDIA ROLLI, de São Paulo.

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