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Análise

Sob Pochmann, pauta política do governo foi seguida de perto

GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA

Criado pela ditadura militar para subsidiar a política econômica com dados e diagnósticos, o Ipea passou por uma "revolução" ao longo dos últimos cinco anos.

O termo fica entre aspas porque, apesar do alarido causado pela nova orientação do instituto, seus resultados concretos até aqui estão aquém dos anunciados pelos entusiastas e temidos pelos críticos.

E, com o encerramento de fato e de direito da gestão de Márcio Pochmann, a continuidade do que o hoje candidato petista a prefeito de Campinas chama de "novo Ipea" é incerta.

Militante das alas mais puristas do PT, crítico da política liberal do primeiro governo Lula, Pochmann assumiu em 2007 o comando do instituto, que deixou de ser vinculado ao Planejamento e passou a fazer parte da estrutura da Presidência.

A mudança no organograma não era gratuita: o Ipea passava a fazer parte da cota petista no governo, embora subordinado formalmente à Secretaria de Assuntos Estratégicos, reservada ao PMDB.

Mais importante, o comando do instituto passou a seguir de perto a agenda política e ideológica do segundo mandato de Lula, quando ganharam força o pensamento econômico desenvolvimentista e a defesa do aumento da atuação do Estado.

Estudos com muitos gráficos coloridos e poucos esclarecimentos metodológicos foram produzidos para, por exemplo, defender a expansão do quadro de pessoal do Poder Executivo e a adoção de cotas raciais.

Tornaram-se comuns trabalhos em tom mais próximo do manifesto que da análise. "O neoliberalismo engendrou o pensamento e o caminho únicos em quase toda a nossa sofrida Latino-América", dizia um texto de 53 páginas sobre desafios ao desenvolvimento do país.

No concurso de 2008, o Ipea reduziu as exigências de conhecimento e testou as convicções dos candidatos. "A especulação financeira vislumbra como luz no fim do túnel o brilho do tesouro nacional" -era uma afirmação a ser assinalada como correta em uma das provas.

Não foi adiante, porém, a meta de duplicar, com profissionais de novo perfil, o quadro de pesquisadores.

No governo Dilma, o PMDB passou a cobrar maior ingerência sobre o instituto, que se tornou mais discreto em suas manifestações públicas.

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