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Jeitinho brasileiro

Veja os principais mecanismos fincanceiros informais utilizados pelas classes C, D e E

CAROLINA MATOS
DE SÃO PAULO

Cerca de quatro em cada dez instrumentos financeiros usados por consumidores da base da pirâmide no Brasil (classes C, D e E) são informais. É o que mostra um estudo feito pela Plano CDE e pela Bankable Frontier Associates para a Bill & Melinda Foundation e obtido com exclusividade pela Folha.

O levantamento mapeou 46 instrumentos, sendo 18 informais, como consórcios (bolões), compra fiado e empréstimos concedidos por amigos e parentes, com ou sem cobrança de juros.

Tanto o total de ferramentas -que inclui as formais, como conta-corrente e poupança- quanto o número de alternativas criadas pelas comunidades são maiores que os encontrados na base da pirâmide em outros países.

Na África do Sul, foram computados 35 mecanismos ao todo, sendo 12 informais. Na Índia, 42 no total e 14 alternativos. No Quênia, 39 e 14, respectivamente. Na Colômbia, 37 e 15. E no México, 36, sendo 15 informais.

Luciana Aguiar, diretora-executiva da Plano CDE, diz que os números do Brasil refletem tanto o maior desenvolvimento do sistema financeiro local em relação aos dos outros países avaliados quanto a ineficiência desse sistema em atender os consumidores da base da pirâmide.

"Aqui, existem mais mecanismos bancários, mas eles estão mais relacionados com quem faz parte da economia formal. Os informais ficam excluídos e precisam criar ferramentas próprias", diz.

Luciana ressalta ainda que o desejo de consumir é mais forte na sociedade brasileira do que nas dos outros países pesquisados.

"Neles, as pessoas prezam mais a poupança, até pela falta de respaldo do Estado em áreas como a saúde e a previdência -o que não ocorre aqui. Assim, no Brasil, é maior a quantidade de instrumentos informais criados para favorecer o consumo."

Para a pesquisadora, o estudo indica que os bancos brasileiros precisam desenvolver produtos mais adequados à base da pirâmide, especialmente aos trabalhadores informais.

Entre os desafios das instituições financeiras está tanto melhorar o acesso dessa população ao sistema -ampliando a presença em cidades do interior e nas periferias das capitais- quanto facilitar e baratear as transações. "Sob esse aspecto, outros países estão mais adiantados que o Brasil", diz.

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