Índice geral Mercado
Mercado
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Elétricas perdem R$ 15 bilhões em 10 dias

Pacote de energia do governo deixa setor menos atrativo para investimento, e valor de mercado das empresas cai 18%

Falta clareza sobre a condução do processo, o que gera incerteza regulatória, afirma analista do setor

TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO

As empresas do setor elétrico mais afetadas pelo pacote do governo perderam R$ 15 bilhões em valor de mercado nos últimos dez dias úteis.

As cinco empresas mais afetadas pela renovação das concessões tinham ontem, somadas, valor de mercado de R$ 67,9 bilhões, segundo a Economatica. São elas: Cesp, Eletrobrás, Transmissão Paulista (Cteep), Copel e Cemig.

Em 28 de agosto, quando se intensificaram as dúvidas sobre os moldes do pacote, elas valiam R$ 83,3 bilhões.

A queda de 18% no período, intensificada ontem, é reflexo das vendas das ações dessas companhias na Bolsa. O mercado está se adaptando ao novo patamar de rentabilidade do setor, que será menos atrativo para os investidores no futuro, segundo José Luiz Carvalho, sócio da área de energia da KPMG.

Para ter a sua concessão renovada por mais 20 ou 30 anos, as empresas terão de aceitar redução nas tarifas calculadas pela Aneel.

Da queda média de 20,2% no preço da energia para o consumidor final, pelo menos 13,2 pontos percentuais virão das novas concessões.

Como energia mais barata significa receita menor para as elétricas, o mercado refaz as contas sobre o potencial de retorno desses papéis, inclusive considerando um menor pagamento de dividendos.

Com rentabilidade mais baixa, as empresas também perderão capacidade de investimentos para manutenção e expansão, e precisarão reduzir custos, diz Carvalho.

CONTROVÉRSIAS

O percentual de redução no preço da energia será analisado caso a caso, mas certamente virá acima do esperado inicialmente. Outro objeto de análise será o valor da indenização que as empresas com ativos ainda não amortizados receberão do governo.

O analista Sérgio Tamashiro, da Safra Corretora, diz que esses dois fatores são os mais controversos, pois os cálculos do governo e os das empresas podem ser diferentes.

Para que as novas tarifas sejam calculadas de forma a manter o setor atrativo para o capital privado, Carvalho defende um amplo debate sobre as necessidades do segmento nos próximos anos.

"Não se deve estabelecer tarifa olhando para o passado, e sim para o futuro", diz.

Para Ricardo Corrêa, da Ativa, falta clareza sobre a condução do processo, o que gera incerteza regulatória.

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.