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Vale mantém corte de custo e adia planos

Nova gestão da empresa cortou viagens e suspendeu contratações, benefícios e novos projetos de investimento

Programa deve ser mantido mesmo com alta no preço do ferro; firma trava disputas bilionárias na Justiça

PEDRO SOARES
DO RIO

Quando assumiu a Vale, há um ano e três meses, Murilo Ferreira adotou um discurso de austeridade e "extrema disciplina" na alocação de recursos. Nem mesmo a alta recente no preço do minério de ferro -que saiu de US$ 90 a tonelada para, ontem, atingir US$ 101,75 na China- deve interromper os cortes.

Há cerca de um mês, viagens passaram a ser autorizadas só por diretores -antes, gerentes davam o aval-, a abertura de vagas em projetos não prioritários e em áreas administrativas estão suspensas e contratos de terceirizadas foram cancelados.

Segundo a Vale, as medidas são preventivas e não serão revogadas nem com a melhora do mercado puxada pelo pacote de estímulo à economia do governo chinês.

Tal reação não livra a Vale de seu "inferno astral", que envolve ainda contenciosos tributários no Brasil (que podem chegar a cerca de R$ 40 bilhões) e na Suíça.

MENOS GENEROSA

O cenário ruim mudou a postura nas negociações com empregados. Generosa no ano passado, quando sindicatos obtiveram um acordo válido por dois anos, com reajustes de 8,5% em 2011 e 8% em 2012 somados a outros benefícios, a Vale não cedeu às reivindicações neste ano.

Rejeitou o pleito dos sindicados de mudar seu sistema de Participação nos Resultados (que depende do desempenho do empregado) para Participação nos Lucros e Resultados (a remuneração variável atrelada ao lucro, como ocorre com a Petrobras). São cenas comuns hoje na mineradora programas de treinamento e encontros em outros Estados serem cancelados, dizem funcionários. "Todas as reuniões fora do ambiente de trabalho devem ser num local com o menor percurso de deslocamento", confirmou a Vale.

Essa nova onda de aperto nos custos trouxe um clima de apreensão na companhia, dizem empregados, mas muito distante ainda do terror imposto pela crise de 2008/2009, quando o então presidente, Roger Agnelli, demitiu 1.500 empregados no primeiro sinal de mercado em queda.

EMPREGOS E PROJETOS

Em abril, antes da queda dos preços parcialmente recuperada nesta semana, a Vale previu à Folha 10 mil novas vagas ao ano até 2015. O discurso mudou: "A contratação está condicionada à manutenção dos projetos. Não temos um número-alvo".

Um megaprojeto de US$ 3 bilhões de potássio no Canadá foi adiado. A mineradora já fala em investimento menor no próximo ano. Analistas esperam R$ 17 bilhões, abaixo dos R$ 21 bilhões previstos para 2012.

"A crise trouxe incerteza e a Vale teve de agir e vai reduzir investimentos", disse Pedro Galdi, analista da SLW. O especialista vê um cenário positivo para a mineradora no longo prazo e ressalta que a companhia tem ainda bons "fundamentos" -dívida sob controle e um caixa ainda expressivo, entre outros.

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