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Análise

Apple usa estratégia do mercado da moda para fazer diferenciação de preço de produtos

RONALDO LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA

A PRINCIPAL FUNÇÃO DO NOVO CELULAR DA APPLE É TORNAR OBSOLETOS TODOS OS MODELOS QUE VIERAM ANTES DELE

Já viu o novo iPhone da estação? Ele atende pelo nome de iPhone 5 e foi lançado ontem nos Estados Unidos. Sua principal função não é apenas incorporar novidades ao aparelho, como a tela mais ampla e o novo serviço de mapas. É também tornar obsoletos todos os modelos que vieram antes dele.

É uma estratégia parecida com a utilizada pelo mercado da moda, que existe especialmente para fazer com que produtos fiquem "fora de moda", acelerando assim o ciclo de consumo e renovando a demanda.

No caso da Apple, trata-se também de uma inteligente estratégia de diferenciação de preços. Por exemplo, o iPhone 5 é hoje "alta-costura", com o preço mais elevado.

O iPhone 4S, lançado há meros 11 meses, virou "prêt-à-porter", com preço reduzido para US$ 99 nas lojas dos Estados Unidos (com contrato de dois anos).

O iPhone 4, por sua vez, tornou-se "fast fashion", gratuito para quem assina com a operadora de telefonia por dois anos.

Assim, cobra-se mais de quem pode pagar e menos de quem não pode.

AGRESSIVIDADE

O que chama a atenção no lançamento de ontem da Apple é que esse reposicionamento de preços dos produtos da empresa foi mais agressivo do que se esperava.

A companhia tem seu centro de gravidade principalmente entre os consumidores de maior renda.

A partir de agora, dá sinais de que quer competir mais por consumidores de menor poder aquisitivo, de olho em mercados como os da China, da Rússia e do Brasil.

A mudança faz sentido. Os mercados no topo da pirâmide estão cada vez mais saturados. Com isso, cresce a disputa das empresas pelos segmentos de menor renda, especialmente para oferecer "o primeiro smartphone".

Por exemplo, a Mozilla anunciou que vai lançar um novo smartphone no Brasil, com preços mais baratos, voltado para as classes B e C.

Antes dela, fabricantes chineses já conheciam bem esse mercado.

Essas empresas criaram aparelhos "genéricos", de marcas desconhecidas, que são sucesso em regiões que vão do sudeste da Ásia à África, passando também pelas favelas brasileiras.

A custo ínfimo, são celulares que possuem recursos valiosos para esse segmento, como a possibilidade de usar múltiplos chips simultâneos ou a capacidade de sintonizar rádio e TV. São praticamente o "tecnobrega" dos celulares.

Com isso, a competição vai avançando em direção às mais de 6 bilhões de pessoas que não têm smartphones. O que não se esperava é que a Apple fosse se aproximar dessa briga tão cedo.

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