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Doméstico gasta mais com educação

Segundo a POF, famílias de trabalhadores investiram 86,6% mais, contra 5,55% de alta dos empregadores

Em valores absolutos, o empregador gastou em média R$ 207,98 por mês com instrução e o doméstico, R$ 24,04

DO RIO

Famílias chefiadas por trabalhadores domésticos aumentaram mais sua despesa com educação do que as famílias de empregadores. A constatação é da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) 2008/2009, divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Em relação à POF anterior, de 2002/2003, domésticos e empregadores tiveram um crescimento relativo semelhante em suas despesas correntes gerais -altas de 54% e 41,2%, respectivamente. Mas os empregadores, detentores de renda maior, aumentaram em apenas 5,55% seus gastos com educação, enquanto os domésticos os elevaram em 86,6%.

Em valores absolutos, porém, a diferença ainda é grande: o empregador gastou em média R$ 207,98 por mês, e o doméstico, R$ 24,04.

Gilberto Braga, economista do IBMEC (Instituto Brasileiro de Mercados de Capitais), explica que podem haver dois motivos para o comportamento dos gastos com educação desses segmentos.

O primeiro é o aquecimento do setor de serviços, que demanda mais especialização do que o trabalho doméstico e tem atraído parte dessa mão de obra. Em busca de oportunidades na área, muitos aumentam os gastos com educação e qualificação.

O segundo é que, na outra ponta, os empregadores (e o trabalhador brasileiro em geral) estão trocando as despesas com educação por aquelas com outros serviços, como transporte, saúde, moradia e alimentação.

A POF 2008/2009 mostrou que o gasto médio com transporte, por exemplo, cresceu nominalmente -sem considerar a inflação- 55% em relação à pesquisa passada. Na mesma linha, subiram saúde (49%), habitação (47%) e alimentação (38,6%).

Já o gasto com educação aumentou apenas 10,1% na mesma base de comparação. A despesa média mensal saiu de R$ 63,67 em 2003 para R$ 73,31 em 2009.

"As pessoas estão gastando cada vez mais para morar e para chegar aos seus locais de trabalho e a despesa que seria direcionada para a educação acaba indo para outros itens", afirmou Braga.

Entre outras coisas, afirmou, os dados denotam que falta políticas públicas que garantam, por exemplo, que as pessoas cheguem mais rápido ao trabalho, ou que morem mais perto dele.

"A valorização imobiliária afastou uma parte da população dos grandes centros e, naturalmente, o gasto com transporte aumenta", disse.

Além do empregador, famílias de servidores públicos (alta de 17,5%), empregados privados (13,2%) e trabalhadores por conta própria (3,36%) também tiveram aumentos tímidos nas despesas com formação.

"Educação é o gasto de maior qualidade que a pessoa pode fazer. Deixar de gastar com conhecimento para gastar com transporte é preocupante", afirmou Braga.

PERFIL DAS FAMÍLIAS

A POF também mostrou que casais com filhos são os que têm as mais despesas entre as famílias pesquisadas. Em média, o grupo gasta R$ 2.391 por mês e é também o que mais gasta em educação. (LUCAS VETTORAZZO E PEDRO SOARES)

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