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"Brasil será potência da inovação, mas no futuro"

Propriedade intelectual é mais aceita por governo, diz diretor de órgão global

Para especialista, disputa entre Apple e Samsung mostra que competição envolverá cada vez mais a inovação

NELSON DE SÁ
DE SÃO PAULO

O diretor-geral da Organização Mundial de Propriedade Intelectual (Ompi), o australiano Francis Gurry, eleito em 2008 com apenas um voto a mais que o candidato brasileiro, José Graça Aranha, saúda a crescente colaboração do país no órgão e anota uma mudança de atitude, de três anos para cá, com maior aceitação da propriedade intelectual pelo governo.

Mas o Brasil vai mal nos rankings de inovação e patentes da organização, e Gurry, que esteve no país na semana passada, afirma que "a inovação é, cada vez mais, o campo de batalha" global.

Ele diz que o Brasil será uma potência em inovação, mas "no futuro".

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Folha - O Brasil perdeu nove posições no Índice Global de Inovação e está agora em 58º lugar, enquanto China, Índia e outros emergentes subiram. O que a experiência deles pode ensinar ao Brasil?

Francis Gurry - Inovação é a base do êxito econômico. O objetivo do índice é mostrar as melhores práticas, as referências, e tornar possível aos países uma visão de como estão se saindo. As políticas do Brasil na área de inovação estão se tornando mais fortes.

A perda de posição é temporária, porque a força da economia e o investimento que está sendo feito em ciência, tecnologia e educação apontam para sucesso no futuro.

Ao apresentar o relatório de patentes internacionais do ano passado, o sr. falou que o crescimento tecnológico é um processo longo.

Eu enfatizaria que é um ambiente muito competitivo. A inovação é, cada vez mais, o terreno da concorrência. É o campo de batalha. É o que estamos vendo neste momento, com as disputas entre Apple e Samsung ou Apple e Google. É uma indicação do que vem por aí, ou seja, que cada vez mais a competição será baseada em inovação.

E como o Brasil está se saindo?

O Brasil é uma economia extraordinariamente robusta, que tem recursos humanos maravilhosos. Eu acho que será uma potência de inovação, no futuro.

O sr. diria que o país subiu alguns degraus, pelo menos em propriedade intelectual, que é também parte disso?

O que vimos nos últimos três anos foi o Brasil se mover para abraçar conscientemente a propriedade intelectual, como um mecanismo para equilibrar os interesses concorrentes relativos à inovação. Propriedade intelectual não é a favor de um interesse ou outro, mas um método para a conciliação.

Conciliar para assegurar, por um lado, investimentos adequados em pesquisa e desenvolvimento e uma remuneração para a produção que sai dessa pesquisa. Por outro lado, para assegurar que o benefício social da inovação seja compartilhado.

De maneira mais geral, o sr. concorda com a afirmação de que o Brasil, hoje, é mais criativo do que inovador?

O Brasil é um líder mundial na indústria da criação. Em música, em performance, em arte, é claramente um líder e é reconhecido assim ao redor do mundo. Tem uma longa história. Mas eu diria que a inovação baseada em ciência também está vindo para o Brasil, no futuro.

O Brasil também vai adotar, com a Ompi, um centro de mediação para conflitos de propriedade intelectual.

A mediação é um meio muito útil de solução de conflitos, pode ser muito rápida e não exige processos de alto custo. As disputas entre brasileiros serão tratadas exclusivamente pelo Brasil. Entre brasileiros e estrangeiros, serão tratadas por nós.

NA INTERNET

Leia a íntegra da entrevista
folha.com/no1154872

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