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Análise

Problema vem da dificuldade de administração do sistema

ADRIANO PIRES
ESPECIAL PARA A FOLHA

A FALTA DE INVESTIMENTOS EM EXPANSÃO PODE SER AGRAVADA PELAS MEDIDAS TOMADAS PELO GOVERNO

A explosão de um equipamento não especificado na subestação da Cemar (Companhia Energética do Maranhão), na cidade de Imperatriz (MA), provocou a queda de energia elétrica em Estados do Norte e do Nordeste na tarde do último sábado.

A pane, que durou entre 20 minutos e 30 minutos, começou por volta das 15h50 e atingiu vários municípios de Estados como a Bahia, o Ceará, o Maranhão e a Paraíba.

Mais de 5 milhões de pessoas foram afetadas. Os problemas não estão mais relacionados à escassez de geração de energia, como ocorreu em 2001, mas à dificuldade em fornecer um serviço de qualidade ao consumidor.

Em novembro de 2009, três linhas de transmissão provenientes da usina hidrelétrica de Itaipu apresentaram falhas, deixando aproximadamente 90 milhões de pessoas sem energia elétrica, por quase quatro horas.

Quatro Estados do Brasil ficaram completamente sem fornecimento elétrico, com outros 14 Estados sendo parcialmente afetados.

Em 2011, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) registrou oito grandes blecautes no SIN (Sistema Interligado Nacional), ou seja, interrupções com corte de carga maior que 1% da demanda máxima, ou 700 MW.

O maior deles afetou toda a região Nordeste, com um corte de carga de cerca de 8.000 MW (equivalente a 11,4% da demanda máxima do SIN) e teve duração aproximada de três horas.

A ocorrência de sobrecargas e apagões no sistema elétrico brasileiro traz à tona a dificuldade de se administrar um sistema interligado, por conta da manutenção insuficiente e da demora da entrada em operação de novas linhas de transmissão, que contribuiriam sobremaneira para a segurança ao sistema.

A falta de investimentos em expansão, manutenção e modernização dos equipamentos em subestações pode ser agravada pelas recentes medidas tomadas pelo governo, como a renovação de parte significativa das concessões de geração, transmissão e distribuição, sob condições que podem afetar a capacidade financeira das empresas.

Pelo novo modelo, a tarifa será determinada pela Aneel de modo a garantir a modicidade tarifária.

A busca pela energia barata e pelo aumento da competitividade dos produtos brasileiros é legítima desejável.

Entretanto, o exagero pela busca de uma modicidade tarifária política, sem considerar aspectos técnicos e empresariais, poderá significar o sucateamento das empresas, comprometendo a segurança do sistema e da qualidade do serviço de energia elétrica.

ADRIANO PIRES é diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura.

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