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Livro discute outra forma de avaliação

Valorização de bens intangíveis, como gestão, cultura e conhecimento, é o tema de "Desejável Mundo Novo"

Lala Deheinzelin dá um salto para 2042 para esboçar um sistema em que o tempo é a moeda de troca mais valiosa

ANDRÉ PALHANO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Estamos no ano de 2042. Durante a conferência Rio+50, líderes globais discutem os acontecimentos desde a Grande Bolha de 2013, que ruiu o modelo econômico anterior e fez surgir uma nova forma de capitalismo.

O Produto Interno Bruto (PIB) cedeu lugar ao Macro Ecossistema Socioambiental (MacroESA) como termômetro de riqueza e o tempo passou a ser a moeda de troca mais valiosa.

Uma historiadora do futuro contando a saga de uma sociedade que em três décadas alcançou seu "estágio de sustentabilidade" foi a maneira achada pela escritora e atriz Lala Deheinzelin para desenvolver seu livro "Desejável Mundo Novo", que será lançado nesta quinta-feira em São Paulo.

Sem pretensão técnica, como a autora faz questão de ressaltar, o livro é uma síntese de quatro anos de pesquisa de Lala sobre o que as pessoas desejam para o futuro.

"O que pude perceber é que há uma grande distância entre o futuro que desejamos e o que consideramos plausível. O livro é uma simulação para inspirar as pessoas a pensarem no futuro que é desejável", explica a especialista em economia criativa e desenvolvimento sustentável.

No livro, a mudança de paradigma foi possível graças ao fato de a sociedade ter decidido usar um curioso óculos de quatro dimensões (4D) para avaliar resultados, equilibrando a supremacia da dimensão monetária com a social, a ambiental e a cultural.

Com ele, as pessoas passaram a enxergar os bens intangíveis (cultura, conhecimento, gestão etc.) como igualmente ou até mais preciosos que os tangíveis. E com a vantagem de serem infinitos.

Para especialistas, ativos socioambientais e culturais, muitos deles intangíveis, precisam ser avaliados em pé de igualdade com os monetários, e não a reboque deles.

Para quem acha o argumento heterodoxo demais e de pouca aplicação prática, Lala responde com exemplos.

Gosta de citar o da Natura, a fabricante de cosméticos. "Todo mundo sabe que o maior valor da empresa vem do tipo de sua relação de venda, dos atributos da marca, da comunicação baseada em brasilidade e verdade. É puramente intangível", ilustra.

Outro exemplo do mundo corporativo é o de um funcionário sênior trocado por um jovem recém-formado no MBA, pela metade do salário.

Se a avaliação é puramente financeira, há um ganho inequívoco. Mas quem avaliou quanto a empresa poderia estar perdendo em gestão ou em identidade da marca?

DIFICULDADES

Desenvolver e sistematizar métricas que permitam essa avaliação multidimensional é hoje, segundo vários especialistas da área, a maior dificuldade para a adoção desta nova visão em organizações, empresas e governos.

Nos governos, há um esforço ainda tímido, porém crescente, de buscar alternativas ao PIB como principal métrica de valor na sociedade.

No setor privado, a corrida tem como foco a avaliação e a mensuração dos ativos intangíveis de modo objetivo.

Para Lala, um mapeamento "4D" ajudará as empresas a entender como trabalhar de maneira complementar entre as diferentes dimensões.

"O trem que transporta minério de ferro de uma empresa com grande impacto ambiental, por exemplo, pode ser também usado para transporte da população local."

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