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Ações de bancos derretem com a pressão do governo

Papéis do BB caíram 6,5% na semana passada, já os de Itaú e Bradesco perderam 9,1% e 8,5%, respectivamente

Atuação do Planalto nos bancos públicos obriga os privados a também cortarem juros para manter a rentabilidade

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

Primeiro foram as margens reduzidas nos empréstimos. Depois, veio a pressão para diminuir os juros "escorchantes", nas palavras do ministro Guido Mantega (Fazenda), do cartão de crédito, que chegam a 15% ao ano.

Nesta semana, o assunto deverá ser tarifas bancárias, que chegaram a subir mais de 500% neste ano, e que poderão cair bastante no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal a mando do governo.

Essas pressões renovaram os temores do mercado de ingerência política no BB, o único banco do governo federal com ação na Bolsa.

As ações do BB derreteram 6,5% na semana passada, mas ainda acumulam alta de 10,1% no ano.

A agressividade do governo também desafia os demais bancos privados a manter os atuais níveis de rentabilidade em um cenário de forte aumento da concorrência em que são obrigados a cortar juros e tarifas para não perder mercado.

As ações PN (preferencial, sem voto) do Itaú recuaram 9,1%; no ano, a baixa é de 7,8%. Já os papéis PN do Bradesco tiveram baixa de 8,5%, apesar de conservar uma valorização expressiva de 7,4% em 2012. Os recibos de ações (chamados units) do Santander perderam 9,7% na semana passada, mas acumulam alta de 2,4% no ano.

VOLUME X MARGENS

Para manter a rentabilidade, os bancos são impelidos a fazer cada vez mais empréstimos para compensar as margens menores de ganhos, além de diluir os custos operacionais fixos e controlar melhor a inadimplência.

"A ingerência política no Banco do Brasil não é novidade, mas repercute na concorrência. O fato é que esses juros do cartão ainda são muito altos. O que impacta mais é a desaceleração da atividade econômica", disse João Augusto Salles, analista da Lopes Filho.

"Temos os bancos públicos tentando botar mais crédito na rua e os bancos privados tentando manter a calma para não entrar nesse jogo. A única coisa clara é que não haverá novos players nesse mercado", disse Flávio Sznajder, sócio da Bogari Capital.

Para alguns analistas, porém, o recuo nas ações dos bancos na semana passada pode ter sido excessivo, abrindo espaço para comprá-las com preço baixo. Poucos analistas, porém, apostam que a volta será para os níveis anteriores até que seja encontrado um novo equilíbrio de taxas e tarifas.

"Não vou me surpreender se houver uma forte recuperação", disse Salles.

"O setor bancário não está necessariamente condenado a uma nova normalidade de menor rentabilidade e pode estar sendo alvo de grandes exageros. Exageros que podem se revelar uma oportunidade rara para uma aposta", disse a LCA, em relatório.

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