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Análise

Apesar de acomodação, setor tem crescido a taxas chinesas

ANDRÉ PERFEITO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O varejo, apesar de certa acomodação na margem, continua a avançar a taxas chinesas. Na comparação anual, saltou 10,1%. Desde de 2006, a taxa média de avanço é de 8,5% ao ano.

Há um descompasso entre economistas sobre o que ocorre na economia do país, decorrente do descompasso entre o crescimento doméstico e o PIB como um todo.

Se observarmos o crescimento dos componentes da demanda, excluindo o setor externo, a taxa de crescimento em reais correntes tem se mantido na média dos últimos dez anos em 12,1% ao ano. Não é pouca coisa.

É esse movimento da demanda doméstica acelerada em contraste ao PIB cheio deprimido que tem convencido alguns economistas de que o PIB potencial no país caiu, ou seja, cresceremos menos com uma inflação maior, logo deveríamos elevar os juros, ou mantê-lo mais elevado.

O BC pela via ortodoxa, e alguns economistas com Keynes na mão, argumentam que a taxa de juros neutra caiu, logo juros menores fazem o "trabalho sujo" que a Selic elevada fazia anos atrás.

No último Copom, parece que o BC finalmente conquistou o mercado, que "comprou" a visão da autoridade monetária jogando a parte longa da curva para baixo.

Juros em torno de 10% ao ano livres de risco são raros hoje em dia, e na sexta-feira passada e ontem a curva pré mudou de lugar. Os juros, ou o interesse brasileiro, estão em processo de metamorfose e o corte da Selic está gerando um choque anafilático no tecido econômico do país.

As taxas de retorno de todos os investimentos caíram e isso está criando dificuldades generalizadas. Talvez anos de juros extremamente altos tenham criado uma preferência pela liquidez também elevada, o que pode gerar uma armadilha muito antes que cheguemos próximo de zero.

ANDRÉ PERFEITO é economista-chefe da Gradual Investimentos.

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