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Estudo sobre como aproximar demanda e oferta ganha Nobel

Pesquisadores estudaram setores em que regras de mercado não atuam, como educação e saúde

Escolha foi interpretada no meio acadêmico como uma forma de evitar os debates atuais sobre macroeconomia

DE SÃO PAULO

Os pesquisadores norte-americanos Alvin Roth, 60, da Universidade Harvard, e Lloyd Shapley, 89, da Universidade da Califórnia, são os ganhadores do Prêmio Nobel de Economia de 2012.

Foram escolhidos por criarem trabalhos sobre como associar diferentes agentes para otimizar a oferta e a demanda em áreas nas quais as regras econômicas de mercado não se aplicam nos modelos tradicionais.

O que os pesquisadores encontraram, na prática, foi uma forma matemática de usar e encontrar a melhor maneira de, por exemplo, aplicar essa teoria na hora de alocar alunos com determinadas habilidades para escolas adequadas, ou de relacionar de forma adequada doares de órgãos a centros hospitalares. Ou ainda ajudar a selecionar médicos para determinados hospitais.

Os dois professores realizaram suas pesquisas de forma independente, mas com contribuições complementares à economia, segundo o Comitê Nobel da Real Academia Sueca de Ciências.

O trabalho é conhecido como teoria dos jogos sobre "alocações estáveis e modelos de mercados".

A teoria dos jogos é um ramo da matemática aplicada que analisa situações estratégicas e as possibilidades de cada um dos atores envolvidos na maximização de seus ganhos.

TEORIA X PRÁTICA

Nos anos 1950 e 1960, Shapely usou a teoria dos jogos para estudar matematicamente como os agentes tomam decisões estratégicas em diferentes mercados, segundo interesses próprios.

Anos mais tarde, Roth levou as pesquisas mais longe, aplicando-as ao mercado de médicos americanos.

Roth disse que dormia quando recebeu o telefonema do comitê do prêmio na Califórnia, onde é atualmente professor visitante na Universidade Stanford. "Tenho certeza de que meus estudantes prestarão mais atenção na aula desta manhã", disse ontem em entrevista à imprensa por telefone.

Shapley se mostrou surpreso ao ser contatado por uma agência internacional de notícias: "Eu me considero um matemático, e o prêmio é de economia", disse. "Nunca na minha vida fiz um curso de economia."

PARCERIA BRASILEIRA

A professora brasileira Marilda Sotomayor, da FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade) da USP, escreveu um livro em parceria com Roth, um dos ganhadores do Nobel de Economia deste ano -"Two Side Matching: a Study in Game-Theoretic Modeling and Analysis".

"O prêmio que Roth e Shapley receberam é sobre 'matching' (...). Através dessa teoria, vários mercados têm sido mais bem entendidos, o que tem ajudado na sua organização", disse a professora.

O Nobel de Economia é o último dos prêmios do ano a ser anunciado. Ao contrário dos outros cinco prêmios, não foi estabelecido por Alfred Nobel, empresário sueco conhecido por inventar a dinamite. O Nobel de Economia foi criado em 1968 pelo banco central da Suécia.

"Neste ano o prêmio recompensa um problema econômico central: como associar diferentes agentes da melhor maneira possível", anunciou o comitê Nobel da Real Academia Sueca de Ciências. O prêmio, no valor de 8 milhões de coroas suecas (ou US$ 1,2 milhão de dólares), será entregue em 10 de dezembro em Estocolmo.

SEM POLÊMICA

Neste ano, o tema escolhido pelo comitê do Nobel está distante do debate macroeconômico, da discussão de crises e eficiência da política fiscal. No ambiente acadêmico, a escolha foi interpretada como uma maneira de não tomar partido nesse debate.

(CLAUDIA ROLLI)

Com agências de notícias

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