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Análise

Apesar de desaceleração, mercado de trabalho é pouco afetado pela crise

CARLOS ACQUISTI
ESPECIAL PARA A FOLHA

A TENDÊNCIA AGORA É DE RECUPERAÇÃO ECONÔMICA DO PAÍS, PORÉM O MERCADO DE TRABALHO NÃO DEVERÁ APRESENTAR O MESMO VIGOR

À primeira vista, os dados de emprego de setembro deixam um sabor amargo, já que foi o pior resultado para o mês desde 2001. Por outro lado, reafirmam a percepção de que o mercado de trabalho brasileiro tem sido uma das variáveis macroeconômicas menos afetadas neste período de turbulência mundial.

O impacto da desaceleração econômica observada nos últimos semestres não foi tão contundente sobre a geração de empregos.

Logicamente houve uma diminuição dos postos de trabalho formais criados em 2012 se compararmos com o mesmo período do ano passado, porém é interessante notar que, mesmo diante de uma contração da atividade industrial doméstica de 2% em base anual no mês de agosto, os números de desemprego mostraram certa resistência, e a criação líquida de vagas continuou sendo positiva.

Alguns fatores contribuem para a explicação desse fenômeno. Um deles está relacionado justamente ao baixo número de demissões no período mais agudo da crise.

O governo federal concedeu alguns incentivos tributários a setores específicos e os pressionou para que não houvesse demissão em massa -caso emblemático da indústria automobilística.

O mecanismo de demissão e posterior recontratação da mão de obra no Brasil em um horizonte pequeno de tempo é oneroso, o que também contribuiu para que os empresários mantivessem seus quadros mesmo em um período de queda da atividade, já que a aposta era de recuperação do crescimento neste segundo semestre.

Outra explicação está relacionada à mudança estrutural da economia brasileira (e mundial), com aumento da participação do setor de serviços, intensivo em mão de obra, favorecendo a criação de postos de trabalho mesmo em períodos de menor crescimento.

A tendência agora é de recuperação econômica do país nos próximos trimestres, segundo projeções do Banco Central, reflexo das ações de incentivo adotadas até o momento. Os números mais recentes já dão sinais dessa retomada, porém o mercado de trabalho não deverá apresentar o mesmo vigor.

Espera-se uma pequena redução do desemprego e crescimento moderado da renda, diferentemente do forte ritmo de expansão aguardado para os próximos 12 meses.

CARLOS ACQUISTI é economista da Infinity Asset Management.

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