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Cadastro de bom pagador é regulamentado

Para centrais com informações sobre histórico de pagamento entrarem em vigor, ainda falta definição do CMN

Bancos dizem que informações permitem avaliar melhor risco de clientes, mas impacto sobre juros é incerto

SHEILA D’AMORIM
DE BRASÍLIA

Mais de um ano depois de a criação do cadastro positivo ser aprovada no Congresso e sancionada pela presidente Dilma Rousseff, o funcionamento dessa central com informações sobre o histórico de pagamento dos consumidores foi regulamentado ontem.

Criado com a promessa de facilitar a vida de bancos e lojas, que poderão avaliar melhor o cliente antes de conceder o crédito, o impacto do novo instrumento sobre a redução dos juros ao consumidor ainda é uma incógnita.

Segundo Esteves Colnago, diretor de programas da secretaria-executiva do Mistério da Fazenda, a experiência internacional mostra que, nos países em que foram implantadas centrais do tipo, houve redução do "spread" da operação -diferença entre o que o banco paga para captar dinheiro no mercado e o que cobra do cliente.

"Como vai ser no Brasil? É difícil mensurar", afirma. A expectativa inicial do governo é que o benefício maior seja para a população de mais baixa renda, que ainda não tem relacionamento com bancos.

"Os bancos vão poder avaliar melhor a capacidade de pagamento dessas pessoas."

Já para a grande maioria da população que opera com cartões de crédito e instituições financeiras, o benefício não é certo.

Isso porque os bancos já têm um histórico dos pagamentos e outros instrumentos que permitem verificar o perfil do endividamento dos correntistas, como o sistema de informação de crédito

do Banco Central (SCR), que relaciona as dívidas com o sistema financeiro acima de R$ 1.000.

O diferencial nesse caso poderá ser conhecer outros gastos fora do sistema financeiro, como aqueles feitos junto às concessionárias de serviços públicos (água, luz e telefone), financiamentos feitos diretamente com os lojistas ou ainda outros itens como TV por assinatura, escola e condomínio.

Mas nem a equipe econômica sabe precisar o tamanho desse mercado para dimensionar o impacto da medida.

PATRIMÔNIO

Para criar uma central, será preciso comprovar um patrimônio mínimo de R$ 20 milhões, além de uma série de outras exigências. Essa foi a forma encontrada pelo governo para tentar selecionar a formação de bancos de dados, já que eles lidarão com muitas informações que atualmente são protegidas por sigilo bancário.

PRÓXIMO PASSO

Para que o novo instrumento entre em vigor, ainda falta, porém, uma definição do CMN (Conselho Monetário Nacional) sobre como os bancos encaminharão os dados para as novas centrais que serão criadas.

O cliente terá que autorizar as centrais a incluir seus dados e a consulta será feita apenas pelas empresas com quem ele estabelecer uma relação de consumo.

Mas será preciso prestar a atenção a alguns detalhes. A autorização poderá ser geral ou restrita. Na prática, a diferença é que, ao permitir a consulta de forma geral, toda loja que comprovar que ele fez, por exemplo, uma cotação de preços terá acesso aos dados do cliente. No outro caso, apenas o estabelecimento específico que ele autorizou poderá fazer a consulta.

O consumidor poderá vetar o acesso das suas informações por parte de algumas empresas e ainda terá o direito de consultar seu histórico e ver quem o acessou nos últimos seis meses. No caso de uso indevido das informações, os bancos, lojas e a central poderão ter que responder judicialmente.

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