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Juro baixo reduz ganho de bancos com crédito

Pressão por queda nas taxas estreita as margens do Bradesco e do Itaú

Lucro, no entanto, continua robusto; desaceleração também afeta resultado com empréstimos

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

Seis meses após o governo iniciar a pressão para reduzir os juros, os bancos privados começam a exibir nos balanços um estreitamento nos ganhos com os empréstimos e uma diminuição na rentabilidade do negócio bancário.

Para analistas, esse pode ser o primeiro sinal do estrago que ocorrerá com o aumento da concorrência, mas também resultar, em parte, da desaceleração no crescimento da economia.

Apesar das pressões e da decepção com o PIB, os lucros seguem robustos no terceiro trimestre: R$ 2,862 bilhões no Bradesco, resultado 1,7% melhor do que o obtido no mesmo período de 2011, e R$ 3,371 bilhões no Itaú, queda de 11,4% em relação ao mesmo período de 2011.

No caso do Itaú, a chamada margem financeira (quanto o banco ganha com os empréstimos) manteve-se intacta em relação ao terceiro trimestre de 2011, quando os juros do governo estavam em 12% e não havia pressão para cortar juros. Só que o banco teve expansão de 9,2% no volume de crédito, o que deveria elevar essa margem.

A mesma coisa aconteceu no Bradesco, porém em menor escala. O segundo maior banco privado contabiliza a chamada margem financeira líquida, que são esses ganhos com empréstimos descontadas as despesas com provisão para calote. Essa margem subiu 0,2% -R$ 4,15 bilhões para R$ 4,16 bilhões do terceiro trimestre de 2011 até o terceiro trimestre deste ano.

Para os bancos, esse ganho reduzido no crédito significa uma menor rentabilidade patrimonial, principal indicador de retorno do dinheiro investido pelo acionista e a que melhor pode ser comparada com os juros do país.

HISTÓRICO

Historicamente, esses retornos eram acima de 20% no setor. No terceiro trimestre de 2011, ainda estava em 20,6% no Bradesco e em 21,39% no Itaú, segundo a Austin Ratings. Agora, estão em 17,14% e 17,05% no Bradesco e no Itaú.

"Caíram as margens e também as rentabilidades. Mais no Itaú do que no Bradesco porque ele está mudando o perfil dos empréstimos, apostando menos em financiamento com maior inadimplência, como veículos e micro empresas", disse João Augusto Salles, da Lopes Filho.

Segundo Rogério Calderón, diretor de Controladoria do Itaú, o banco preferiu trabalhar mais com empréstimos como consignado e o imobiliário, que têm menor calote. "Nesses segmentos, podemos elevar volumes e trabalhar com margens menores."

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