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Análise

Bancos assimilam redução de taxa de retorno em meio a novo contexto do país

ERIVELTO RODRIGUES
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Brasil atual, que está na vitrine global dos investimentos, é muito diferente daquele da chamada "década perdida", entre 1981 e 1990, que estava refém de juros e inflação em níveis insanos.

Para o país se tornar uma das dez maiores potências econômicas, e se manter nesse patamar ao longo da última década, algumas revoluções socioeconômicas e políticas foram determinantes, como, a adoção do Plano Real (julho de 1994).

A taxa de juros básica está em seu menor nível histórico: 7,25% ao ano; com direito ao BC adotar padrões de execução de política monetária observados em países desenvolvidos, como a divulgação do voto dos integrantes do Copom (Comitê de Política Monetária).

Nesse contexto, é natural que haja mudança no comportamento de todos os agentes econômicos.

As empresas deverão desbravar novas fronteiras de investimentos, portanto assumir mais riscos ante a queda da taxa de juro real.

Os bancos, por sua vez, já assimilam reduções em suas taxas de retorno e o governo se sente mais seguro para colocar os bancos públicos na briga por maiores reduções de taxas de juros, mesmo que ao custo de elevação do endividamento público. Por fim, os consumidores passarão a ser mais seletivos na decisão de tomada de crédito.

Esse novo contexto econômico já pode ser constatado nos resultados dos dois maiores bancos privados do país: Bradesco e Itaú Unibanco, que divulgaram seus números do terceiro trimestre.

O novo cenário, de taxa de juros baixa, atividade econômica crescendo menos do que o previsto, inadimplência em alta, pressão do governo pela redução dos "spreads" e tarifas bancárias e acirramento da concorrência, faz com que os bancos busquem freneticamente a eficiência.

É um momento de reflexão por parte das autoridades. As medidas estão sendo absorvidas, e a pressão dos bancos públicos começa a ter efeito.

Os bancos privados anunciaram balanços com queda na rentabilidade (19% no Bradesco e 17% no Itaú) e adotam uma posição de engajamento. O recado foi dado e entendido pelos bancos.

É chegada a hora de colher os frutos, sem exagerar. O setor financeiro foi e continua sendo fundamental para proteger o país contra turbulências externas e seu comportamento vem sendo caracterizado por uma disciplina de militante de esquerda.

Afinal, apesar do novo cenário adverso e da necessidade de adaptação, não há nada que indique um risco sistêmico para o setor. A solvência do sistema bancário, por exemplo, permanece elevada. É bom que seja assim.

ERIVELTO RODRIGUES é presidente da consultoria Austin Rating.

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