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Cifras & letras Crítica TECNOLOGIA Impressoras 3D guiarão novo modo de produção industrial Editor da "Wired", autor usa a própria empresa de aeromodelos como exemplo ALEXANDRE ARAGÃODE SÃO PAULO "Os últimos dez anos foram sobre descobrir novas maneiras de criar, inventar e trabalhar em grupo usando a internet. Os próximos dez serão sobre aplicar essas lições ao mundo real." "Este livro é sobre os próximos dez anos." É com leve prepotência que Chris Anderson, editor da revista "Wired", define seu mais recente lançamento, "Makers: The New Industrial Revolution" ("Fazedores: A Nova Revolução Industrial"), publicado no início do mês. A obra se propõe a analisar um novo movimento de "faça você mesmo", desencadeado pelo início da popularização de impressoras 3D -há exemplos até no Brasil, conforme a Folha noticiou (bit.ly/impressoras3D).
Por meio da transformação de bits em átomos -informação em objetos-, ou por possibilitar essa transformação, as empresas dos "makers" dariam um passo adiante. Dividido em duas partes, "A Revolução" e "O Futuro", o livro parte do pressuposto de que os "makers" são mais que sonhadores de fundo de garagem, e o leitor é obrigado a comprar a ideia se quiser seguir o raciocínio. Para tentar provar o ponto de vista, Anderson usa como principais exemplos duas iniciativas: uma do avô materno dele, Fred, e outra tomada por ele próprio. No primeiro caso, o inventor criou e patenteou um sistema elétrico para automatizar a rega de jardins. Depois, licenciou a tecnologia, recebendo por direitos autorais.
No segundo caso, o próprio Anderson criou uma empresa de aeromodelos, a DIY Drones. Tanto o design quanto o software são desenvolvidos on-line por voluntários, e tudo é licenciado por Creative Commons. A renda da empresa vem apenas de vendas. Com texto rápido, Anderson leva o leitor a crer que a construção de comunidades on-line engajadas é tarefa simples, enquanto empresas investem milhões e batem cabeça para atingir a meta. CÓPIAS BEM-VINDAS E se outra companhia decidir copiar os produtos? "Idealmente, outras empresas mudariam e melhorariam os produtos", diz Anderson. "Esse é o tipo de inovação que as plataformas de código aberto foram feitas para promover." "Mas, se querem apenas clonar os produtos e vendê-los por um preço menor, está tudo bem, também. Os consumidores irão decidir." Nesse sentido, os principais valores das empresas de "makers" são marca e comunidade. Os desenvolvedores -que são, também, consumidores- criam laços com o produto. Assim, eles preferem pagar mais por algo que ajudaram a criar, em vez de economizar com cópias. Dentro do pensamento de Anderson, entretanto, inexiste a hipótese de uma comunidade abrir mão do produto que criou em troca de outro. Como apêndice do livro, um manual para iniciantes em CAD (desenho auxiliado por computador), impressão 3D e escaneamento 3D pretende tornar o leitor mais empolgado um "fazedor digital". Aos menos animados a leitura das 272 páginas talvez se torne enfadonha. Alguns argumentos utilizados pelo autor se repetem de modo insistente -e, algumas vezes, irritante- por toda a obra. Nesse caso, a versão condensada do livro, reportagem de capa da "Wired" de novembro, talvez seja mais adequada (bit.ly/wirednov).
MAKERS: THE NEW INDUSTRIAL REVOLUTION |
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