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Estimulada pela classe C, venda de produtos eróticos cresce 20%

Empresas investem em embalagens menores e produtos chegam a ficar 40% mais baratos

Há 40 mil vendedores ambulantes de itens sexuais no país, contra 500 em 2006; até O Boticário tem linha

Lucas Lima/Folhapress
Mezanino de loja de calcinhas na rua 25 de Março, que tem oito sex shops 'disfarçados' no andar de cima; apetrecho erótico dá mais lucro que lingerie
Mezanino de loja de calcinhas na rua 25 de Março, que tem oito sex shops 'disfarçados' no andar de cima; apetrecho erótico dá mais lucro que lingerie

HELOÍSA NEGRÃO
CHICO FELITTI
DE SÃO PAULO

Faz um ano que Liliane Alves, 27, começou a perambular por Itu (interior de SP) com uma mala cheia de vibradores e de cremes afrodisíacos. E a mostrar os itens para quem quiser ver -e comprar.

Ela é um das 40 mil revendedores ambulantes de produtos eróticos no país. Há dois anos, a categoria contava com 500 profissionais, calcula a Abeme (Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual).

Não é o único filão do mercado erótico que cresce e se reproduz. A associação do setor diz que a bonança nos últimos dois anos foi o maior já visto pela indústria, com crescimento anual de 20%.

"Esse salto foi graças à classe C", diz a presidente da Abeme, Paula Aguiar.

SEXO COM CLASSE (MÉDIA)

A clientela de Alves é feminina e de classe média em sua maioria, ela diz. A mascate começou a vender para as colegas da firma de seguros onde trabalhava. Investiu R$ 1.000 no primeiro mês. Um ano depois, já tem 12 funcionárias e gasta R$ 5.000 por mês com reposição de estoque. Diz ter lucro de 150%.

Sua equipe oferece os produtos batendo na porta de casas ou em clubes e salões de beleza. "Nunca sofremos discriminação", afirma Alves.

O segredo do negócio, afirma, é explicar o produto em pormenores. "A maior parte das pessoas nunca viu as opções. É tudo novo. Era muito oculto até uns anos atrás."

Para as lojas da rua 25 de Março, no centro de SP, foi justamente a discrição que fez as vendas subirem.

Há ao menos oito sex shops na via de comércio popular. Mas eles não podem ser vistos da rua, pois ficam no mezanino de lojas de lingerie.

Maria Gerlândia de Lima, gerente da loja Gal Moda Íntima, afirma que hoje os produtos eróticos vendem mais do que calcinha e sutiã.

Substituir as roupas de baixo por pornografia não está no plano da lojista, todavia. "A mulher diz que vai comprar cueca para o marido e vai ver erotismo", diz Lima.

Variedade não falta. Marcas como a Hot Flowers investem no desenvolvimento de embalagens menores para os mesmos apetrechos da classe A, o que diminui em até 40% o preço do produto.

Os potinhos menores também conquistam as mulheres mais discretas. "Temos um lubrificante íntimo em uma embalagem parecida com um desodorante. A consumidora pode levar na bolsa sem passar por constrangimento", diz. Euclides Garbin, da marca Chillie's Pink.

O recato da venda direta também é conveniente. "As mulheres sentem desconforto de ir a lojas, com receio de serem julgadas", diz Mauricio Borges, gerente da Eudora, do grupo O Boticário. A linha Sensual -com itens como uma fita para amarrar o parceiro- teve desempenho quatro vezes superior ao esperado. Sexo vende.

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