Marfrig tem prejuízo de R$ 540 milhões

DE SÃO PAULO

A fabricante de alimentos Marfrig, dona da marca Seara, teve prejuízo de R$ 540 milhões no terceiro trimestre, o que representa crescimento de 687% em relação à perda registrada no mesmo período do ano passado.
O resultado foi provocado pelo efeito da apreciação do dólar, que variou de R$ 1,56 na abertura do trimestre para R$ 1,85 ao final de setembro, no resultado financeiro.
Segundo Ricardo Florence, diretor de relações com investidores da companhia, a mudança no câmbio causou elevação de 11% na dívida bruta, que ao final de setembro chegou a R$ 11,8 bilhões.
Cerca de 75% do endividamento da Marfrig é em moeda estrangeira.
Como o prejuízo foi causado por uma perda na linha financeira do balanço, o resultado líquido não teve efeito caixa para a empresa, ou seja, não houve perda efetiva de dinheiro.
O desempenho operacional melhorou. O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) aumentou 169% em relação ao terceiro trimestre de 2010, ao atingir R$ 637,5 milhões.
"A geração de caixa é mais importante para nós do que o resultado líquido. Foi o nosso melhor trimestre operacional", disse Marcos Molina, presidente da empresa.
O mercado financeiro reagiu bem aos números. As ações da companhia fecharam em alta de 16,67%, cotadas a R$ 7,35, apresentando recuperação depois de sucessivas perdas.
Segundo o analista Cauê Pinheiro, da SLW Corretora, o balanço superou a expectativa dos investidores.
"A geração de caixa medida pelo Ebitda compensou o prejuízo. Traz um certo alívio para a companhia no curto prazo", afirmou.

RECEITA RECORDE
A receita líquida da Marfrig foi recorde no período, totalizando R$ 5,52 bilhões, 45,1% maior que os R$ 3,81 bilhões do terceiro trimestre de 2010.
As exportações totalizaram R$ 1,86 bilhão, alta de 19,7% em relação ao terceiro trimestre do ano passado.
A Europa continua o principal destino das exportações do grupo, com participação de 44,2% na receita das vendas externas no trimestre.
Apesar da alta de ontem, os papeis da Marfrig acumulam queda de 52,3% no ano.
As ações sofreram com um desmonte de posições do fundo GWI, em agosto, que tinha pelo menos 5% das ações da empresa, e por resultado aquém do esperado. (TF)